Catedral de Santiago de Compostela

A Catedral de Santiago de Compostela é um templo católico situada na cidade de Santiago de Compostela, capital da Galiza, Espanha. É a sé da arquidiocese homónima e foi construída entre 1075 e 1128, em estilo românico, na época das cruzadas e durante a Reconquista Cristã, tendo sofrido depois várias reformas que lhe adicionaram elementos góticos, renascentistas e barrocos.

Segundo a tradição, acolhe o túmulo do apóstolo Santiago Maior, padroeiro e santo protetor de Espanha, o que a converteu no principal destino de peregrinação cristã na Europa a seguir a Roma durante a Idade Média, através do chamado Caminho de Santiago, uma rota iniciática na qual se seguia a Via Láctea que se estendia por toda a Península Ibérica e Europa Ocidental. A peregrinação foi um fator determinante para a afirmação política dos reinos cristãos hispânicos medievais e na sua participação nos movimentos culturais da sua época. Atualmente continua a ser um importante destino de peregrinação, par...Ler mais

A Catedral de Santiago de Compostela é um templo católico situada na cidade de Santiago de Compostela, capital da Galiza, Espanha. É a sé da arquidiocese homónima e foi construída entre 1075 e 1128, em estilo românico, na época das cruzadas e durante a Reconquista Cristã, tendo sofrido depois várias reformas que lhe adicionaram elementos góticos, renascentistas e barrocos.

Segundo a tradição, acolhe o túmulo do apóstolo Santiago Maior, padroeiro e santo protetor de Espanha, o que a converteu no principal destino de peregrinação cristã na Europa a seguir a Roma durante a Idade Média, através do chamado Caminho de Santiago, uma rota iniciática na qual se seguia a Via Láctea que se estendia por toda a Península Ibérica e Europa Ocidental. A peregrinação foi um fator determinante para a afirmação política dos reinos cristãos hispânicos medievais e na sua participação nos movimentos culturais da sua época. Atualmente continua a ser um importante destino de peregrinação, para o que contribui a renovada popularidade do Caminho de Santiago a partir dos anos 1990, que levou à catedral mais de 270 000 peregrinos registados.

A catedral foi declarada Bem de Interesse Cultural em 1896 e a chamada cidade velha de Santiago de Compostela, que se concentra em torno da catedral, foi incluída na lista do Património Mundial da UNESCO em 1985.

 Urna de prata com os supostos restos mortais de Santiago Maior

Segundo a tradição católica, o apóstolo Santiago Maior difundiu o cristianismo na Península Ibérica[1][2] nos anos 36–37 ou 40. No ano 44 foi decapitado em Jerusalém por ordem de Herodes Agripa I (neto de Herodes, o Grande) e os seus restos mortais foram depois trasladados para a Galiza numa barca de pedra.[3] Devido às perseguições dos romanos aos cristãos da Hispânia, o seu túmulo foi abandonado no século III. Ainda segundo a lenda, este túmulo foi descoberto na segunda década do século IX pelo eremita Pelágio (ou Paio) depois de avistar umas luzes estranhas no céu durante a noite. Tendo comunicado a descoberta ao bispo de Iria Flávia, Teodomiro, este reconheceu o feito como um milagre[nt 1] e informou da descoberta o rei Afonso II das Astúrias e da Galiza. O rei ordenou a construção de uma capela no local da sepultura, dedicada ao culto do apóstolo. Diz a lenda que o rei foi o primeiro peregrino do santuário. A capela foi substituída por uma primeira igreja em 829, a qual deu lugar em 899 a uma outra, em estilo pré-românico.[7] Esta última foi construída a partir de 872 por ordem de Afonso III e foi consagrada por dezassete bispos.[8] O local tornou-se um destino de peregrinação cuja popularidade e importância foi aumentando gradualmente.[9]

Em 997, Almançor, o poderoso hájibe (governador) e comandante do exército do Califado de Córdova, saqueou a cidade e arrasou a igreja, apenas deixando intacto o túmulo de Santiago. As portas e os sinos da igreja destruída foram levadas aos ombros pelos cativos cristãos para Córdova, onde foram usados numa mesquita.[10][11][nt 2]

A construção da catedral atual foi iniciada em 1075, durante o reinado de Afonso VI, com o patrocínio do bispo Diego Páez. Uma inscrição na capela do Salvador comemora o acontecimento: «Aos trinta anos do milésimo septuagésimo quinto depois da Encarnação do Senhor, em cujo tempo se fundou esta igreja de Santiago». Foi construída segundo o mesmo plano que a igreja de tijolo monástica de São Saturnino de Toulouse, provavelmente o maior edifício românico de França.[12] A construção foi interrompida em várias ocasiões, pelo que se consideram três fases construtivas, a primeira das quais foi terminada em 1088, quando o bispo Diego Páez foi preso por traição, o que originou a primeira paragem das obras.[13]

A segunda fase de construção decorreu de 1100 a 1140, tendo sido iniciada quando o Conde da Galiza Raimundo de Borgonha nomeou Diego Gelmires bispo de Compostela em 1100 e terminado com a morte do último. As obras decorreram sob a direção de Bernardo, o Velho («um mestre maravilhoso»), coadjuvado por Galperinus Robertus.[nt 3] É provável que mais tarde a direção das obras tivesse passado para o Mestre Estêvão (o Mestre de Pratarias).[nt 4] As capelas absidais foram consagradas em 1105 e segundo o Códice Calixtino, a última pedra foi colocada em 1122, tendo a catedral sido consagrada em 1128. No período final desta segunda fase, Bernardo, o Moço terminou o edifício, enquanto Galperinus coordenou a construção. Bernardo construiu também uma fonte monumental diante do portal setentrional (da Acibechería) em 1122.[12]

A terceira e última fase de construção foi iniciada em 1168, quando o capítulo da arquidiocese encarrega das obras o Mestre Mateus. Este respeita o projeto inicial e termina a construção dos últimos quatro tramos na nave maior, a cripta e o Pórtico da Glória. A catedral é definitivamente consagrada em abril de 1211,[nt 5] na manhã de quinta-feira da segunda semana da Páscoa, pelo arcebispo Pedro Muñiz e na presença do rei Afonso IX de Leão, do filho deste e de numerosas autoridades eclesiásticas e civis.[23][24]

A igreja ganha o estatuto de sé episcopal em 1075, substituindo Iria Flávia, em grande medida graças à ação do bispo Gelmires e à sua importância crescente como lugar de peregrinação. O papa Calisto II (irmão de Raimundo de Borgonha) consolida-a como sé arcebispal em 1120.[25][26] Ao longo dos séculos seguintes, a catedral foi objeto de numerosas ampliações e reformas, tanto no exterior como no interior.

Descoberta do sepulcro

As origens do culto a Santiago na Galécia perdem-se nos anais dos tempos. Em finais do século VII difunde-se no noroeste da Península Ibérica a lenda de que o apóstolo teria sido enterrado nessas terras, depois de as evangelizar. A evangelização da Hispânia por Santiago é mencionada pelo arcebispo hispânico Isidoro de Sevilha (560–636) no seu tratado “De Ortu et Obitu Patrum” e pelo bispo inglês Adelmo de Malmesbury (639–709).[27][28][nt 6] Segundo esta lenda, na primeira década do século IX (é comum referir especificamente o ano 813),[nt 1] oito séculos depois da morte do apóstolo Santiago, um eremita chamado Pelágio (ou Paio), juntamente com outros fiéis, viu umas luzes estranhas perto de um lugar conhecido como Solovio, num bosque chamado Libredón,[nt 7] e comunica a ocorrência a Teodomiro, bispo de Iria Flávia. Depois de três dias de jejum, o bispo e o seu séquito deslocaram-se ao local e descobriram entre o matagal um monumento construído em placas de mármore, constituído por um pequeno edifício abobadado em ruínas. Numa câmara do interior havia um túmulo em mármore e um altar, pelo que não tiveram dúvida alguma de que se tratava do sepulcro do apóstolo e dos seus dois discípulos Atanásio e Teodoro.[29][30]

O bispo comunicou o achado ao rei das Astúrias e Galiza Afonso II, o Casto, que se deslocou imediatamente com a sua corte ao local. O rei outorgou ao bispo as terras vizinhas do sepulcro, mais as suas respetivas rendas, e mandou construir uma pequena igreja sobre o cemitério (compositum) «supra corpus apostoli» ("por cima do corpo do apóstolo"), junto a um batistério e outra igreja dedicada ao Salvador.[29][30] Algum tempo depois, num documento datado de 4 de setembro de 834, o rei dizia:

“ Pois nos nossos dias revelou-se-nos o prezado tesouro do bem aventurado Apóstolo, ou seja, o seu santíssimo corpo. Ao conhecê-lo, com grande devoção e espírito de súplica, apressei-me a ir adorar e venerar tão precioso tesouro, acompanhado da minha corte, e rendemos-lhe culto no meio de lágrimas e orações como Patrono e Senhor de Espanha, e pela nossa própria vontade, outorgámos-lhe o pequeno obséquio antes referido, e mandámos construir uma igreja em sua honra. ”  
— Afonso II, o Casto, 4 de setembro de 834.[31].
Igreja primitiva  Iluminura do Livro dos Testamentos da Catedral de Oviedo (início do século XII), com Afonso II das Astúrias, o Casto, (r. 719–842), considerado o primeiro peregrino de Santiago

Dada a importância religiosa e política do achado, como já foi referido, o rei Afonso II mandou construir uma igreja pequena e simples. Para tal foram derrubadas as colunas existentes e construída uma parede rodeando a arca de mármore e formando uma nave de planta retangular, com uma pequena abside. A igreja foi coberta com um teto em madeira. A antiga cela do sepulcro foi mantida na cabeceira.[32] Deste primeiro templo só se conserva o lintel da entrada e as bases das paredes. Aparentemente também existia um batistério a norte da igreja.[carece de fontes?]

No decurso de escavações levadas a cabo em 1879 por baixo da abside da catedral, dirigidas pelo historiador López Ferreiro, quando Miguel Payá y Rico era arcebispo de Compostela, foram descobertas as fundações do sepulcro primitivo, denominado "Arca marmarica", com restos de um altar que constava de uma lage lisa sobre um fuste de pedra de pedra também ele liso. Era de planta quadrada, com cerca de oito metros de lado, e tinha outro corpo central, mais pequeno e retangular, construído com grandes perpianhos; as paredes exteriores eram em alvenaria. Tinha um pórtico com colunas e era pavimentada com lajes de granito. A cobertura do sepulcro tinha uma orla de mosaico romano.[32]

As escavações realizadas debaixo da nave maior da catedral evidenciaram também a presença de uma necrópole cujo uso se prolongou pelo menos desde a construção da igreja até à primeira metade do século XII e que ocupou o espaço de outra necrópole anterior, usada entre os séculos IV e VII. Os enterramentos estendiam-se ao longo da frente ocidental da igreja e em seu redor, com túmulos feitos com pedras e cobertos por lajes, outros escavados na rocha do subsolo e outros constituídos por uma lápide monolítica, por vezes com inscrições; foram também descobertos ainda sarcófagos monolíticos. Foram ainda encontrados dois recintos funerários adjacentes à basílica; num deles foi encontrado o túmulo de Teodomiro.[carece de fontes?]

Igreja pré-românica

Durante o reinado de Afonso III, o Grande (r. 866–910), devido ao número crescente de peregrinos e às pequenas dimensões da igreja, decidiu-se construir um novo templo, de maiores dimensões e com melhor construção do que o existente. A nova igreja foi construída em estilo estilo pré-românico, com três naves e uma abside quadrangular, que integrou a igreja anterior no presbitério. As sepulturas de Santiago e dos seus discípulos não foram mexidas.[8]

 Maquete hipotética da catedral existente em 899

Na cabeceira central foi colocado um altar dedicado a São Salvador e nas absidíolas laterais foram construídos dois altares: um à direita, dedicado a São Pedro, e outro à esquerda, dedicado a São João Evangelista. Na fachada havia um nártex com pórtico e no lado norte foi mantido o edifício do batistério. O teto era de madeira, com duas águas. Ainda existem restos da parte superior de três janelas laterais, em arco de ferradura.[8]

A consagração da nova igreja teve lugar com grande pompa em maio de 899. A ela assistiram «a família real, 17 bispos, 14 nobres e outras personalidades». Num livro em pergaminho da catedral conserva-se a escritura de doação por parte de Afonso III.[8]

Em volta da igreja surgem na mesma época outras edificações, como os mosteiros de São Martinho Pinário e a sua Igreja de Santa Maria da Corticela, situado a norte da basílica, e o de São Paio de Antealtares, situado a leste. O primeiro paço episcopal data também dessa altura; situava-se a sul da igreja, aproximadamente no local onde depois se construiu a porta de Pratarias.[8]

No verão de 997, Santiago de Compostela foi atacada por Almançor, o governante de facto do Califado de Córdova. Prevendo esse ataque, o bispo Pedro de Mezonzo tinha mandado evacuar a cidade. As hostes de Almançor incendiaram a cidade e o templo pré-românico,[30] mas respeitaram o sepulcro do apóstolo, um gesto que é comparado ao de Átila ao poupar Roma. Antes de incendiar a igreja, o comandante muçulmano teria dado de beber ao se cavalo de uma pia de água benta existente perto da porta de Pratarias.[11] A conservação do sepulcro permitiu que o Caminho de Santiado continuasse apesar da destruição do santuário, o qual voltou a ser reconstruído cerca do ano 1000 pelo bispo Pedro de Mezonzo.[30]

Igreja românica  Maquete hipotética da catedral imediatamente após a reforma de 1075

O templo do século X também se mostrou pequeno para atender às numerosas peregrinações que acorriam a Santiago de Compostela. Sob o impulso do rei Afonso VI, o Bravo e do bispo Diego Páez em 1075 foram iniciadas as obras para construir uma grande catedral românica, as quais ficaram a cargo dos mestres de obras Bernardo, o Velho, que concebeu e desenhou o projeto, e do seu ajudante Galperino Roberto. Segundo Códice Calixtino, trabalharam na construção 50 canteiros. A destituição do bispo Diego Páez em 1088 fez parar as obras por algum tempo.[13]

Cinco anos mais tarde, as obras estavam novamente em marcha, impulsionadas pelo recentemente nomeado administrador da diocese, Diego Gelmires, com o apoio do novo bispo Dalmácio e posteriormente também de Raimundo de Borgonha, nomeado Conde da Galiza em 1095. Em 1101, o Mestre Estêvão abandona a cidade de Compostela, deixando completas as capelas do deambulatório e iniciadas as obras da fachada das Pratarias. A partir daí os trabalhos prosseguiram com regularidade; em 1111 foram terminadas as obras no cruzeiro em 1122 (a acreditar no Códice Calixtino) foi colocada a última pedra.[33] Diego Gelmires foi teve um papel fulcral não só na construção da catedral como na intensa atividade de construção vivida na cidade nessa época. Tendo sido nomeado bispo em 1100, em 1120 tornou-se o primeiro arcebispo de Compostela. Apesar de ter havido várias paragens nas obras, a grande quantidade de esmolas conseguidas possibilitou que a igreja fosse consagrada em 1128.[carece de fontes?]

Cerca de 1140 deu-se início a mais uma fase de construção, quando já estava, construídos e cobertos seis tramos das naves. Nesta fase as obras estiveram a cargo do Mestre Mateus, que respeitou a organização arquitetónica precedente e que em 1168 começou a construir o Pórtico da Glória. Não obstante as obras terem prosseguido por boa parte do século XIII, a catedral foi consagrada definitivamente em abril de 1211.[33][nt 5] Nos motivos esculpidos nos capitéis da nave central é patente a evolução dos diretores da obra: nos primeiros — a contar do cruzeiro — aparecem parelhas de animais fantásticos e reais (águias, leões, pombas e sereias) e, ocasionalmente, figuras humanas; os quatro últimos tramos já são claramente obra da oficina de Mateus: folhas lisas ou espiraladas, por vezes com figuras humanas assomando-se entre elas, monstros, leões, dragões e lobos.[carece de fontes?]

Peregrinação
 Ver artigo principal: Caminhos de Santiago
 Iluminura com o Apóstolo Santiago no fólio 4 do Códice Calixtino (século XII)

Desde o início do século IX, com o achado das relíquias do apóstolo e com o patrocínio e proteção do rei Afonso III das Astúrias, a notícia espalha-se rapidamente por toda a Europa cristã e os peregrinos começam a acorrer ao lugar denominado Campus Stellae (provavelmente a origem do nome Compostela), o qual se converteu progressivamente num centro de peregrinação com a fundação de um convento e de diversas hospedagens na cidade. Em 850, Godescalco, bispo franco da diocese de Le Puy peregrinou até ao sepulcro e é considerado o primeiro peregrino estrangeiro documentado.[30][33][34]

No século XII, religiosos da Ordem de Cluny elaboraram para o arcebispo Gelmires a “Historia Compostelana” e o “Codex Calixtinus”; este último foi publicado c. 1140. Os reis ibéricos promoveram a criação de uma rede de mosteiros clunicenses no norte da Península Ibérica, especialmente ao longo ou nas proximidades das rotas de peregrinação, os chamados Caminhos de Santiago, o que originou o aparecimento de grandes edifícios de estilo românico. A Igreja concedeu um privilégio, outorgado pelo papa Calisto II e confirmado pelo papa Alexandre III (p. 1159–1181), segundo o qual nos anos em que o dia de Santiago, 25 de julho, coincidisse com um domingo a peregrinação a Compostela dava aos peregrinos de Santiago as mesmas graças que eram concedidas aos peregrinos de Roma nos anos jubilares celebrados a cada 25 anos. A bula que confirma a atribuição desse privilégio, a Regis aeterni, datada de 1179 é a mais antiga bula de concessão que ainda existe.[35]

Durante o século XIV assistiu-se a grandes convulsões sociais na Europa que desviaram os peregrinos para outros destinos. Por outro lado, a Reconquista absorveu toda a atenção económica e governamental dos reinos hispânicos para sul. O Grande Cisma do Ocidente em 1378 divide a cristandade e a situação no século XV, durante o qual ocorreram uma série de acontecimentos funestos no Velho Continente, como guerras, fome, peste negra e más colheitas, também não ajudou a revitalização da peregrinação a Santiago. Apesar de tudo, muitos fiéis continuaram a acorrer ao túmulo do apóstolo para cumprir a sua penitência, mas o Caminho foi caindo no esquecimento e ainda no final da Idade Média e mais acentuadamente na Idade Moderna, perdeu muita importância.[carece de fontes?]

 Uma "compostela", o documento emitido pela "Oficina do Peregrino" da catedral que atesta que o peregrino fez pelo menos os últimos 100 km do Caminho de Santiago

Desde o Ano Santo de 1993 que o governo autónomo galego promove o valor cultural da peregrinação a Santiago, focando-se principalmente na sua vertente de recurso turístico dirigido sobretudo a pessoas com o perfil do peregrino religioso tradicional. Nesse ano foi lançada um programa, o "Xacobeo 93", que envolveu um grande campanha publicitária e o restauro de tramos das rotas do Caminho de Santiago e de infraestruturas de apoio aos peregrinos, para o que teve a colaboração das comunidades autónomas espanholas por onde passa o Caminho. As diversas rotas foram então devidamente sinalizadas com flechas amarelas, conchas de vieira (o símbolo da peregrinação jacobeia), cruzes de Santiago e outros sinais. Em 1993 a UNESCO inclui os Caminhos de Santiago na lista de Património Mundial.[36] Os trechos dos Caminhos são "trilhos de grande rota" que geralmente têm uma extensão de mais de 50 km e estão pensados para caminhadas de mais de dois dias. Tradicionalmente, os peregrinos que chegam à catedral requerem a "compostela", um documento que comprova que o seu titular fez a peregrinação «com sentido cristão: `devotionis affectu, voti vel pietatis causa´, ou ainda numa atitude de busca espiritual». A compostela é emitida pela Oficina do Peregrino, um organismo da catedral, e para a obter, o peregrino tem que comprovar que fez pelo menos os últimos 100 km do Caminho a pé ou a cavalo ou os últimos 200 km em bicicleta. Essa prova é feita mediante a apresentação da "credencial do peregrino", uma pequena caderneta de papel que é carimbada ao longo do percurso, em igrejas, albergues e também outros locais como postos de turismo, sedes municipais ou até cafés e restaurantes, geralmente pelo menos duas vezes por dia.[37][38]

Durante a Idade Média, a "compostelá" era um meio de indulgência, que reduzia a metade o tempo de permanência no purgatório; quando concedida em anos jubilares compostelanos, era obtida uma indulgência plena.[39] Por sua vez, no passado a credencial do peregrino era basicamente uma carta de recomendação passada pelo padre da paróquia do peregrino, que atestava a condição de peregrino recomendável, a quem se podia oferecer hospitalidade. Servia também como salvo-conduto para as autoridades civis, militares e eclesiásticas ao longo do Caminho.[38]

Há numerosas rotas de peregrinação compostelana, que foram criadas ao longo dos séculos. A rota (ou, com maior rigor, o conjunto de rotas, pois há algumas variantes) mais concorrida é o Caminho Francês, cujos pontos de entrada mais usados em Espanha são os portos de montanha de Somport (via toledana), nos Pirenéus aragoneses e de Roncesvales, nos Pirenéus navarros e percorre o norte da Península, passando por Pamplona, Logronho, Burgos, Leão, Astorga e Ponferrada. É um percurso de grande riqueza histórica, cultural e artística, ao qual se juntam outras rotas.[carece de fontes?] desde a década de 1980 que o Caminho tem vindo a ser percorrido por cada vez mas peregrinos; o número de peregrinos registados, que em 1987 foi de 2 905, aumentou para 270 800 no ano jubilar de 2010; no ano jubilar de 1993 foi 99 436 e em 2009 (não jubilar, portanto menos concorrido) foi 145 877.[40] Em 2017 foram registados mais de 300 000, um número alcançado no início de dezembro.[41]

Reformas dos séculos XVII e XVIII  Vista geral da catedral desde sudoeste (lado da fachada barroca do Obradoiro)

Durante os séculos XVII e XVIII foram levadas a cabo transformações profundas na catedral, tendo sido introduzidos elementos barroco, tanto no interior como no exterior da basílica. As obras começaram a partir de 1643, quando Filipe IV outorga um renda anual para financiar as obras na cabeceira. Em 1649 chega a Santiago José Vega y Verdugo, que introduz verdadeiramente o barroco na catedral. Em 1657 o arquiteto madrileno Pedro de la Torre inicia a remodelação da capela maior.[carece de fontes?]

No século XVIII, o arcebispo Malvar decide modificar a cabeceira, ampliando-a em direção à Praça da Quintana, para o que encomendou a Miguel Ferro Caaveiro os planos da obra. Este entregou pelo menos dois esboços, seguindo «as ideias do excelentíssimo senhor arcebispo», tendo os plantas sido desenhadas pelo arquiteto Melchor de Prado y Mariño. O primeiro projeto previa a demolição da parede construída por Peña de Toro na Praça da Quintana para fechar a fachada oriental, a Porta Santa e as capelas do Salvador e de Nossa Senhora, a Branca, para erigir um corpo retangular na continuação da abside, junto ao coro, situado na nave maior, e abrir espaço para a sacristia e um panteão para os arcebispos. O segundo projeto, maior do que o primeiro, implicava a demolição das capelas de São Pedro, São João, São Bartolomeu e do Espírito Santo, que seriam trasladadas para a zona ampliada, assim como a construção de um novo pórtico em frente à fachada das Pratarias «com o fim de conservar os monumentos que há na antiga (que permanece ilesa) à semelhança da principal ou do Salvador».[nt 8] A morte do arcebispo em 1795 fez abortar este projeto de reforma.[carece de fontes?]

Orlandis 1990, p. 63–71. Lligadas 2005, p. 117. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome fmas35 Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome cms9 a b Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome sfelix Fletcher 1984, p. 57. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome psilva54 a b c d e Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome nav220 Garrido Torres 2000, p. 100. Garrido Torres 2000, p. 101. a b c Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome vaq447 a b Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome gmor121 a b Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome nav221 López Pereira 1993, p. 139. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome a800 Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome csg2 Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome csg3 Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome csg4 Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome csg5 Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome csg6 Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome csg7 Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome csg8 Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome bloz235 Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome arm188x González López 1978, p. 219–220. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome psilva176 Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome rlib Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome sapiens a b Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome flor64 a b c d e Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome vil64 Bravo Lozano & Raurich 1999, p. 5 a b Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome nav219 a b c Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome navasc222 Bravo Lozano & Raurich 1999, p. 6 Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome anoc Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome un669 Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome aej a b Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome webcp Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome compcred Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome datest Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome gaud


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