Parc Güell

( Parque Güell )

O Parque Güell (em catalão: Parc Güell, em castelhano: Parque Güell, embora a grafia original fosse Park Güell) é um grande parque urbano com elementos arquitetónicos situado no distrito de Gràcia da cidade de Barcelona, na vertente virada para o mar Mediterrâneo do Monte Carmelo, não muito longe do Tibidabo. Originalmente destinado a ser uma urbanização, foi concebido pelo arquiteto Antoni Gaudí, expoente máximo do modernismo catalão, por encomenda do empresário Eusebi Güell. Construído entre 1900 e 1914, revelou-se um fracasso comercial e foi vendido à Câmara Municipal de Barcelona em 1922, tendo sido inaugurado como parque público em 1926. Em 1969 foi nomeado Monumento Histórico Artístico de Espanha, e em 1984 foi classificado pela UNESCO como Património da Humanidade, incluído no sítio Obras de Antoni Gaudí. No recinto do parque, numa casa onde Gaudí morou durante quase vinte anos, funciona desde 1963 a Ca...Ler mais

O Parque Güell (em catalão: Parc Güell, em castelhano: Parque Güell, embora a grafia original fosse Park Güell) é um grande parque urbano com elementos arquitetónicos situado no distrito de Gràcia da cidade de Barcelona, na vertente virada para o mar Mediterrâneo do Monte Carmelo, não muito longe do Tibidabo. Originalmente destinado a ser uma urbanização, foi concebido pelo arquiteto Antoni Gaudí, expoente máximo do modernismo catalão, por encomenda do empresário Eusebi Güell. Construído entre 1900 e 1914, revelou-se um fracasso comercial e foi vendido à Câmara Municipal de Barcelona em 1922, tendo sido inaugurado como parque público em 1926. Em 1969 foi nomeado Monumento Histórico Artístico de Espanha, e em 1984 foi classificado pela UNESCO como Património da Humanidade, incluído no sítio Obras de Antoni Gaudí. No recinto do parque, numa casa onde Gaudí morou durante quase vinte anos, funciona desde 1963 a Casa-Museu Gaudí, cujo acervo inclui objetos pessoais e obras de Gaudí e de alguns dos seus colaboradores.

O parque foi concebido por Güell e Gaudí como um conjunto estruturado onde, dentro de um incomparável quadro de beleza natural, se situariam habitações de luxo, com todos os progressos tecnológicos da época e acabamentos de grande qualidade artística. Não se sabe ao certo o que Güell e Gaudí pretendiam alcançar, visto que não restam registos a esse respeito, mas parece óbvio que o parque se destinava a um grupo seleto e não ao público em geral, e que está recheado de referências a ideias, fantasias e ideais que eram importantes para ambos, como o catalanismo político e a religião católica, em todo caso com um certo caráter misterioso devido ao gosto da época por enigmas e adivinhas.

O Parque Güell é um reflexo da plenitude artística de Gaudí; pertence à sua etapa naturalista (década de 1900), período no qual o arquiteto catalão aperfeiçoou o seu estilo pessoal, inspirando-se nas formas orgânicas da natureza e pondo em prática uma série de novas soluções estruturais originadas na sua análise da geometria regrada. A isso acrescentou uma grande liberdade criativa e uma imaginativa criação ornamental; partindo de um certo barroquismo, as suas obras adquirem grande riqueza estrutural, de formas e volumes desprovidos de rigidez racionalista ou de qualquer premissa clássica. No entanto, embora contenha vários elementos característicos da fase final da carreira de Gaudí, como a preferência por colunas inclinadas e o uso do trencadís, o parque apresenta uma mistura de elementos de diferentes estilos (românico, barroco, dórico, pré-romano, etc.) que remete para as suas primeiras obras. Uma das características mais marcantes do Parque Güell é o contraste entre as texturas e cores dos diferentes materiais de construção (cerâmica brilhante e multicolorida versus pedra rústica castanha), tão apreciado pelos arquitetos do modernismo catalão.

O parque deve o seu nome a Eusebi Güell, conde de Güell, um rico empresário catalão membro de uma influente família burguesa de Barcelona, que foi quem idealizou construir uma urbanização de luxo na encosta de um monte nas imediações da cidade de Barcelona, então conhecido como Montanha Pelada (atualmente denominado Monte Carmelo).[1][2] Para o efeito, Güell adquiriu as duas fazendas adjacentes que o ocupavam, Can Muntaner de Dalt (1899) e Can Coll i Pujol (1902),[2][3] a primeira das quais era propriedade de Salvador de Samà[1] (alcaide de Barcelona entre 1905-1906 e 1910-1911).[4] Güell residiu entre 1906 e 1918 (data da sua morte) na grande casa de campo pertencente a uma das fazendas, a Casa Larrard (anteriormente Casa Muntaner de Dalt), situada no recinto do parque, que Gaudí remodelou entre 1906 e 1922.[5]

   
Eusebi Güell (1915)
Antoni Gaudí (1878)

O local escolhido por Güell para a urbanização era desafogado, calmo e com vista sobre a cidade e o mar, e a distância ao centro de Barcelona assegurava uma considerável privacidade e distanciamento da agitação e da poluição características das jovens cidades industriais.[6] O conde tinha experiência com a organização laboral britânica, como se verificou no seu projeto de colónia operária, a Colónia Güell em Santa Coloma de Cervelló,[7] e tinha em mente um projeto ao estilo das cidades jardim concebidas por Ebenezer Howard (o que também fica manifesto na grafia inicial Park Güell).[1][8] Para as zonas ajardinadas, Güell inspirou-se igualmente nos Jardins de la Fontaine da cidade de Nîmes, onde viveu na sua juventude.[9]

Güell encomendou o projeto ao arquiteto catalão Antoni Gaudí, com quem mantinha uma frutuosa relação pessoal e profissional desde 1878,[1] quando ficara impressionado com o seu talento ao ver desenhos arquiteturais realizados por este na Exposição Universal desse ano em Paris.[10] O conde foi o principal mecenas de Gaudí ao longo da sua carreira, encomendando-lhe várias das suas obras mais conhecidas, como o Palácio Güell e a Cripta da Colónia Güell.[11] Juntamente com Gaudí trabalharam no parque alguns dos seus habituais colaboradores, como Josep Maria Jujol, Francesc Berenguer, Joan Rubió e Llorenç Matamala.[12] As obras ficaram por conta do empreiteiro Josep Pardo i Casanovas.[2]

Os trabalhos iniciaram-se em 1900,[2][13] mas apesar das vantagens e preços razoáveis oferecidos o projeto foi um fracasso comercial. Não se sabem ao certo os motivos que levaram a isso, mas existem numerosas teorias. Uma das mais frequentemente apontada é que os barceloneses teriam considerado que a área, então pouco urbanizada e sem transportes públicos, ficava demasiado longe do centro de Barcelona; no entanto, isso não impediu o bairro de classe alta de La Salud, adjacente ao Parque Güell, de prosperar.[8] Outra teoria apresentada é que o conde Güell era maçom e pretendia estabelecer uma loja maçónica, o que teria reduzido drasticamente o número de potenciais compradores; no entanto, se isso for verdade (não existem provas de que Güell fosse maçom), é intrigante que nenhum maçom tenha aproveitado a oportunidade.[8] Uma terceira teoria defende que o Parque Güell era demasiado abertamente catalanista e que isso afastara potenciais compradores numa época em que a burguesia catalã receava uma revolução dos trabalhadores e queria manter-se nas boas graças do governo central em Madrid e do seu protetor exército.[8] Mas existem ainda outras possibilidades; a perspetiva de viver com o conde Güell numa comunidade fechada em que este estabelecia as regras pode não ter agradado a muitos dos seus amigos e conhecidos, e é possível que após Gaudí ter concluído a construção dos pavilhões da entrada (1903), alguns potenciais compradores (ou as suas esposas) tenham decidido que não queriam viver numa comunidade cuja entrada parecia algo tirado de um conto de fadas.[14]

 Casa Trias, obra de Juli Batllevell

Das 60 parcelas triangulares com 1 000–1 200 m² para construção de moradias (ocupando cerca de 35% da área total do parque),[1] somente foram vendidas duas; uma delas é la Torre Rosa, construída para servir como casa-modelo da urbanização e onde o arquiteto residiu entre 1906 e 1925, desenhada por Francesc Berenguer (1904); a outra é a Casa Trias, propriedade do advogado Martí Trias i Domènech, amigo de Güell e Gaudí, obra do arquiteto Juli Batllevell (1906).[2][15] Güell, Gaudí e Trias mudaram-se para o Parque Güell no mesmo ano (1906) e davam-se bem, embora Gaudí evitasse visitar o advogado nos feriados, pois a casa deste era frequentemente visitada nessas ocasiões por uma boa amiga da família Trias, Pepita Moreu, que fora o amor frustrado de Gaudí na década de 1880.[16]

Quando percebeu que o seu projeto era um fracasso, Güell decidiu abrir o parque de forma limitada, permitindo ao público em geral passear livremente no seu interior mediante o pagamento de uma pequena taxa de admissão[16][17] e acolhendo grandes eventos sociais,[16][18] como por exemplo o Primeiro Congresso Internacional da Língua Catalã (1906) e um grande evento de angariação de fundos para ajudar as vítimas das mais recentes cheias ocorridas na Catalunha (1907).[19] As obras continuaram nas zonas comuns da urbanização até serem paralisadas em 1914, após o início da Primeira Guerra Mundial.[2] Após a morte do conde Güell (1918), os seus herdeiros venderam o parque ao Município de Barcelona em 1922 para o converter em público,[2][13] tendo este sido inaugurado como parque público em abril de 1926.[2]

Em 1969, o Parque Güell foi nomeado Monumento Histórico Artístico de Espanha,[20][21] e em 1984 foi classificado pela UNESCO como Património da Humanidade, incluído no sítio Obras de Antoni Gaudí.[20][22] Entre 1987 e 1994 foi levado a cabo um restauro do parque, a cargo de Elies Torres i Tur e Josep Antoni Martínez i Lapeña, com a colaboração do arquiteto e historiador Joan Bassegoda.[23] Continua pendente um projeto de qualificação da encosta norte do monte – que não foi incluída no projeto de Gaudí –, especialmente a zona da Fonte de San Salvador de Horta e do Castillo d'en Frey, uma mansão senhorial construída na década de 1920 e derrubada na década de 1960, da qual somente restam vestígios das muralhas.[24]

a b c d e Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Xavier a b c d e f g h Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome CMC Van Hensbergen, Antoni Gaudí, p. 183 Gran Enciclopèdia Catalana, verbete sobre Salvador de Samà i de Torrents Crippa, Antoni Gaudí, 1852-1926: de la naturaleza a la arquitectura, p. 53 Zimmermann, The Best of Gaudí, op. cit., p. 29-30 Bassegoda i Nonell, Gaudí o espacio, luz y equilibrio, p. 173 a b c d Zimmermann, The Best of Gaudí, op. cit., p. 30 Giordano e Palmisano, La guia completa del Park Güell, p. 5 Zimmermann, The Best of Gaudí, op. cit., p. 11 Zimmermann, The Best of Gaudí, op. cit., p. 15, 45 «Historia del parque» (em espanhol). Park Güell.es. Consultado em 1 de janeiro de 2012  a b Huertas, J. M. (janeiro de 2002). «Los clientes del arquitecto». Barcelona: metròpolis mediterrània (em espanhol). Ajuntament de Barcelona. Consultado em 1 de janeiro de 2012  Zimmermann, The Best of Gaudí, op. cit., p. 31 Giordano e Palmisano, La guia completa del Park Güell, p. 37 a b c Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Zimmermann32 Bassegoda i Nonell, Los jardines de Gaudí, p. 68 Bassegoda i Nonell, Los jardines de Gaudí, p. 70 Zimmermann, The Best of Gaudí, op. cit., p. 40 a b Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome CMP «Bienes culturales protegidos» (em espanhol). Ministério da Cultura de Espanha. Consultado em 1 de janeiro de 2012  «Relatório da 8ª Sessão do Comité do Património da Humanidade da UNESCO» (em inglês). UNESCO. 2 de novembro de 1984. Consultado em 1 de janeiro de 2012  Crippa, Antoni Gaudí, 1852-1926: de la naturaleza a la arquitectura, p. 54 Navés i Viñas, Jardins i Parcs, Gaudí. Hàbitat, natura i cosmos, p. 76
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