Quito

Quito (pronúncia em português: [ˈkitu]; pronúncia em castelhano: [ˈkito]), originalmente São Francisco de Quito, é a capital e a segunda cidade mais populosa do Equador, localizada no noroeste da América do Sul. A partir de 2008 também passou a ser a capital da Unasul. Situa-se ao norte do Equador na bacia do rio Guayllabamba nas inclinações orientais do Pichincha (4 794 metros), um vulcão ativo na cordilheira dos Andes. A Praça da Independência situa-se a 2 850 metros acima do nível do mar. Quito é a segunda cidade capital mais elevada do mundo depois de La Paz, na Bolívia. A população de Quito, segundo o censo mais recente (2010), é de 2 239 191 habitantes. A área de Quito é de, aproximadamente, 422 802 hectares.

Quito fica situado aproximadamente 35 km a sul da linha do Equador. U...Ler mais

Quito (pronúncia em português: [ˈkitu]; pronúncia em castelhano: [ˈkito]), originalmente São Francisco de Quito, é a capital e a segunda cidade mais populosa do Equador, localizada no noroeste da América do Sul. A partir de 2008 também passou a ser a capital da Unasul. Situa-se ao norte do Equador na bacia do rio Guayllabamba nas inclinações orientais do Pichincha (4 794 metros), um vulcão ativo na cordilheira dos Andes. A Praça da Independência situa-se a 2 850 metros acima do nível do mar. Quito é a segunda cidade capital mais elevada do mundo depois de La Paz, na Bolívia. A população de Quito, segundo o censo mais recente (2010), é de 2 239 191 habitantes. A área de Quito é de, aproximadamente, 422 802 hectares.

Quito fica situado aproximadamente 35 km a sul da linha do Equador. Um monumento marca o local como la mitad del mundo ("o meio do mundo"). Devido à altitude e localização da cidade, o clima em Quito é razoavelmente constante, com uma temperatura máxima tipicamente ao redor dos 21 °C em qualquer dia do ano. Há somente duas estações em Quito, o verão (a estação seca) e o inverno (a estação chuvosa).

Quito foi fundada em 6 de dezembro de 1534 pelo espanhol Sebastián de Benalcázar com o nome de San Francisco de Quito.

Período Pré-cerâmico (14000 – 2000 a.C.) Primeiros povoadores dos Andes equatoriais  Pontas de lança de obsidiana do sítio arqueológico El Inga (8.000 a.C.)

Se pensa que por volta dos anos 14000 e 13000 a.C., as condições ambientais resultantes do processo dos glaciares e a abundância dos bosques montanos nos vales andinos, abriram o caminho para a penetração e estabilidade de alguns grupos. A maioria dos restos materiais achados correspondem a instrumentos de caça ou de corte de peças. Um dos principais e mais antigas descobertas que confirmam a existência desses circuitos de caça é o sítio arqueológico de El Inga, aos pés do monte Ilaló e da cordilheira oriental.[1]

Os caçadores e coletores foram pessoas que viviam de forma coletiva, se movimentavam de acordo às suas necessidades. Estavam organizados, provavelmente por “bandas”; compostas por homens e mulheres de todas as idades, onde o mais forte ou sábio (homem ou mulher), fora seu guia tanto na sobrevivência quanto na parte espiritual. O espírito do grupo e convivência que se originou neste tempo, continuou com predomínio até chegar ao que atualmente chamamos de coletividade (comunidade) de várias nacionalidades indígenas.[2] O conhecimento e exploração respeitosa e religiosa da natureza, fez lhes rotar ciclicamente nos seus territórios, de acordo à presença de animais de caça ou às épocas de frutos. O longo tempo que durou este período, é uma mostra de que a humanidade foi conhecendo o comportamento de cada elemento da natureza e sua validez para la sobrevivência humana. Isto é conhecido como transumância, o que significa que não eram simples nômades como se pensava, porém que já tinham conhecimento dos ciclos. A trasumância é uma prática comum em muitos povos do mundo atual e é definida como um tipo de pastoreio em constante movimentação, adaptável no espaço e a zonas de produtividade cambiante. Se diferencia do nomadismo em ter assentamentos estacionais fixos e um núcleo principal fixo (povoado) do qual provem a população que a pratica.[3] El Inga parece ter sido um acampamento base destes primeiros povoadores andinos.

As condiciones climáticas não têm permitido a preservação de restos ósseos, sejam dos primeiros povoadores de El Inga, ou dos animais que caçavam. Também não têm se achado vestígios de sua alimentação ou de sua moradia. O único material de que se tem para interpretar este complexo cultural é uma série de finos utensílios de pedra lavrados por seus habitantes. Os materiais mais comuns achados têm sido basalto e obsidiana. Segundo os relatórios do arqueólogo norte-americano Robert Bell de 1965 se estabeleceu que nesta zona existem instrumentos de pedra como: pontas de lança ou projetil, cortadores, facas bifaciais, raspadores, perfuradoras. No total, têm se determinado arredor de 50 diferentes tipos de objetos de obsidiana e basalto. Pontas de lança de forma chamada "cauda de peixe" estilo daquelas achadas em Clóvis, nos Estados Unidos são algumas peças caraterísticas.

 Facas e outras ferramentas de obsidiana de El Inga (8.000 a.C.)Período Formativo (2000 - 500 a.C.) A origem da agricultura e a cerâmica

Segundo as pesquisas arqueológicas, a origem da agricultura e da cerâmica mais antiga das Américas está no litoral do Equador por volta do ano 3900 a.C. com a cultura Valdivia e no litoral atlântico da Colômbia em Puerto Hormiga. Quase mil anos depois, começou o processo de domesticação de plantas, sedentarização e aparecimento de novas tecnologias na região andina.

 Garrafa de crâmica com alça-estribo de Cotocollao, parecida com a cultura Machalilla (1500 a.C.)

O arqueólogo Robert Bell escreveu sobre uma peça de cerâmica achada em El Inga, datada mediante C-14 em 1950 a.C. "Parece que na região do Ilaló existiu continuidade na ocupação humana desde o paleoíndio até o formativo".[4]

No entanto, é na zona norte da atual cidade, no bairro de Cotocollao onde se encontraram os vestígios humanos mais antigos do período formativo. Este assentamento populacional se desenvolve a partir do ano 2000 a.C. e avança até 500 a.C.; o que dá uma permanência continua de mais de dez séculos sustentada, principalmente pela agricultura (milho).[5]

Neste local -localizado junto a uma antiga lagoa hoje seca- foi descoberto um grande vilarejo que foi crescendo até ocupar uma área de 26 hectares e alcançar uma população aproximada de 750 habitantes. Estava composto por vários bairros ou zonas de moradias agrupadas, as quais estavam separadas por zonas intermédias não construídas, geralmente correspondentes a leitos de voçorocas ou ravinas.[6]

As moradias eram retangulares e tinham uma extensão de 5 por 8 metros. As suas paredes eram feitas com grandes postes recobertos com uma técnica parecida com o pau a pique e os tetos de palha. Foram construídas sobre degraus artificiais, de uma altura de uns 60 cm. No seu interior, ao longo das paredes, tinha plataformas de madeira para dormir. Abaixo do chão se escavaram poços de armazenagem e seu centro estava ocupado por um grande fogão para cozinhar e esquentar-se. Afora da casa, perto das paredes tinha outros fogões e poços de armazenagem.

 Tigela de cerâmica de Cotocollao (1500 a.C.)

Além das casas também existiam pequenos cemitérios nos quais se acharam mais de duzentos esqueletos em perfeito estado de conservação, graças em parte, à queda de cinza vulcânica acumulada.

As pesquisas arqueológicas revelaram dois tipos de enterros: os mais antigos foram túmulos escavados em cangahua (cinza vulcânica consolidada), onde se colocava o corpo do defunto deitado do lado, com as pernas dobradas contra o corpo com um simples enxoval composto por pedras. Mais adiante, estes povoadores praticavam enterros primários (corpos flexionados, sentados e alguns com evidências de ter sido amarrados para manter a forma) e enterros secundários (ossos reagrupados por segunda inumação, os mais compridos colocados numas cestas ou suportes para os crânios).

A variada cerâmica permite aos arqueólogos reconstruir a história desta civilização. As técnicas utilizadas têm relação com a fase final da cultura Valdivia do litoral, além das culturas Machalilla e Chorrera. Devido à localização geográfica de Quito, entre as terras baixas do Pacífico e a bacia amazônica, a região converteu-se num importante eixo comercial muito ativo desde tempos muito antigos. Matérias primas exóticas como conchas marinhas ou algodão vieram de regiões muito distantes.

Os habitantes de Cotocollao foram especialistas no trabalho com pedras tão variadas como quartzo, serpentina, basalto e sílex que inclusive exportavam para o litoral além do vidro vulcânico da obsidiana. Houve uma rede muito forte de troca de produtos entre os Andes e o litoral.

Esta civilização foi destruída por uma erupção do vulcão Pululahua. Este evento não foi produzido repentinamente, mas de um jeito que deu tempo à população para abandonar a aldeia. O promédio das datas arqueológicas para a ocupação final oscila entre 500 a.C., enquanto a data geológica da cinza do Pululahua é datada por volta de 350 a.C..[6]

Período de Desenvolvimento Regional (500 a.C. - 1000 d.C.) Jardín del Este, La Florida e Rumipamba

Entre 1919 a 1933, o arqueólogo alemão Max Uhle veio ao Equador convidado pelo arqueólogo Jacinto Jijón y Caamaño. Durante esse tempo fez escavações no vale de Cumbayá, localizado ao leste da cidade atual. Aqui achou vários enterros que deram para ele a ideia da existência de uma civilização caracterizada pelos avanços tecnológicos com a cerâmica. A localização geográfica desse povo encontra-se nos atuais vilarejos rurais de Tumbaco, Puembo, Pifo e Yaruqui ao leste, e se espalhou ao norte por Cayambe até Caranqui (atual Ibarra) e ao sul-leste por Chillogallo até Santo Domingo de los Tsáchilas.

Entre 1986 e 1987, novas escavações realizadas no condomínio Jardín del Este, apenas 700 metros mais distantes do local estudado por Uhle, confirmaram a presença de uma importante cultura pré-colombiana e que corresponderia a aquela descrita pelo religioso jesuíta Juan de Velasco no século XVIII como "Quitu".

 Vista do planalto de Quito onde se levanta o vulcão Pichincha. No atual Parque La Carolina se encontrava a lagoa de Iñaquito.

A atual cidade de Quito fica na parte mais estreita de um planalto e nos contrafortes da montanha Pichincha. Faz fronteira ao leste com vários morros como Puengasí, Guanguiltagua e Itchimbía que se encontram espalhados por ravinas produto do sistema de falhas da cordilheira dos Andes. Para o sul se estende até a zona de Tambillo e ao norte até Pomasqui-San Antonio. Seu terreno é irregular com altitudes que vão desde 2 850 a 3 100 m.[7]

Dentro da cidade existem zonas lacustres que formam pequenos pântanos e que tiveram grande importância na época pré-hispânica para a obtenção de totora, hematites, peixes e aves e inclusive para a agricultura em camellones, como tem se demostrado em várias pesquisas.[8]

Na zona urbana de la "Y", o antigo aeroporto e o bairro de Jipijapa os solos estão formados por argilas, limos e areias com pomes que correspondem a depósitos lacustres e vulcânicos, os mesmos que são a origem da extinta lagoa de Iñaquito (velho aeroporto).[7]

A geologia do planalto condicionou os assentamentos pré-hispânicos nas ladeiras do vulcão Pichincha e seu aproveitamento agrícola. Seus moradores ocuparam as planícies inundadas desenvolvendo uma tecnologia agrícola de camellones como aqueles localizados perto dos conjuntos habitacionais de Chillogallo e Iñaquito na área urbana da cidade.

 Encenação sobre os quitus apresentada no Parque Arqueológico de Rumipamba.

O atual bairro de La Florida, localizado nas ladeiras do vulcão entre os 2 900 e 3 000 metros de altura, entre as ravinas de La Pulida e San Juan, foi descoberta em 1983 uma necrópole que despertou o interesse de arqueólogos equatorianos e estrangeiros. As pesquisas arqueológicas na zona tem demonstrado que La Florida foi ocupada desde o período Formativo (2000 a.C.) até Integração (1500 d.C.). Trata-se de um assentamento complexo com locais habitacionais, zonas de cultura e necrópole. Seus moradores desenvolveram uma tecnologia muito avançada e comerciaram tanto com as diferentes aldeias do planalto de Quito, quanto com a serra, a Amazônia e o litoral. Possivelmente tiveram laços comerciais com os moradores da região noroeste nas encostas da cordilheira.[9] Em 1999, na avenida Mariscal Sucre, conhecida como rodovia Ocidental, localizada ao norte da cidade, foram encontrados outros importantes vestígios dos antigos povoadores do planalto quitenho. Num terreno de 35 hectares, o Fundo de Salvamento liderado pelo arqueólogo Holguer Jara, se recuperou um sítio arqueológico, graças aos trabalhos da prefeitura e o Banco Central do Equador. Neste local se encontraram restos humanos desde o período Formativo (1500 a.C.), Desenvolvimento Regional (500 a.C.) e principalmente de Integração (1000 d.C.).

 Reconstrução do rosto de um indígena Quitu no Museu de La Florida.

Todos estes restos achados nas escavações de Jardim del Este, La Florida e Rumipamba corresponderiam com a civilização chamada de Quitu.

Período de Integração (1000 d.C.)

Denomina-se período de integração ao final da era pré-inca durante a história pré-colombiana equatoriana. É um intervalo de tempo, aproximadamente desde 1000 até 1500 d.C., quando alguns grupos começam identificar-se não só pela unidade cultural predominante segundo a área, mas também pelos cada vez mais vigorosos processos de unificação política, com formas variadas de organização estatal mais ou menos claramente estruturada.[10]

Durante este período, as redes comerciais estabelecidas desde períodos anteriores deram lugar ao enriquecimento dos senhores do litoral e a uma maior complexidade arquitetônica dos povoados com grandes estruturas e rampas. Foi um longo período e de grande desenvolvimento cultural para a maioria dos grupos, durante o qual mudaram o decurso da história acontecimentos especialmente significativos: a ocupação inca e a conquista espanhola no final do século XV e começo do século XVI.[1]

Entre os grupos humanos deste período histórico destacam-se nos vales andinos começando no sul do atual Equador: Paltas, Cañaris, Chimbos, Puruháes, Panzaleos, Quitus e Pastos na fronteira com a atual Colômbia. Nas bacias fluviais do litoral temos grandes confederações de mercadores e navegadores como os Manteño-Huancavilca e os Atacames e na Amazônia os Omaguas, Quijos e Canelos. Todas as civilizações conformaram redes de troca de produtos muito ativas e cujas trilhas ainda se conservam em várias regiões.

O local chamado "Quitu" converteu-se no eixo de comunicações entre a floresta tropical amazônica, os Andes setentrionais, a floresta nublada das encostas ocidentais da cordilheira até descer à planície costeira do Pacífico.

 Túmulo múltiplo na necrópole de La Florida.

Os sítios arqueológicos de Rumipamba e La Florida têm sido os mais estudados pelos arqueólogos porque são os locais que possuem os vestígios melhor conservados.

Na necrópole de La Florida se acharam túmulos com uma datação de 620 d.C. até 1505 d.C. Os túmulos consistem em poços muito profundos que podem chegar até os 15 metros de profundidade, com um sistema construtivo muito similar com túmulos achados em outras civilizações do norte andino equatoriano e no sul da Colômbia, principalmente da civilização dos Pastos, conhecidos também como Carchi (600 d.C.) e que foram reportados por arqueólogos e historiadores como Jacinto Jijón y Caamaño, Carlos Emilio Grijalva e Carlos Manuel Larrea.

Os enterros estavam acompanhados por enxovais funerários que incluem, além da concha Spóndylus, concha, osso, cerâmica e alguns objetos metálicos. Estes achados, datados entre 100 (?) e 700 d.C., provavelmente representam uma fase formativa da metalurgia do norte do Equador (Pasto-Carchi) e o sul da Colômbia (Nariño).[11]

 Enterro de poço em Rumipamba.

A técnica utilizada nas peças de metal foi martelado sobre ligas de ouro e cobre, chamadas tumbaga ou ouro quase em estado puro: a fundição é escassa. Algumas das peças mais representativas são colares, brincos, narigueiras, anéis e um cetro.

Quando León Doyon em 1989 realizou as escavações das sepulturas de poço profundo e câmara central em La Florida chegou à conclusão de que tratava-se de enterros de personagens da elite quitenha que nos seus rituais sacrificava a uma série de pessoas para que lhes acompanhassem na viagem ao além. Até esse momento, nenhum dos pesquisadores que tinha escavado este tipo de sepulturas nos Andes do norte tinha proposto esse tipo de rituais.[7]

Outros túmulos escavados posteriormente constituem enterros múltiplos que têm relação a um pensamento simbólico representado tanto nos enxovais quanto na construção dos túmulos. As pessoas não teriam sido enterradas simultaneamente, mas de acordo iam morrendo, e nos túmulos 2 e 4 enxovais são individuais.

A conquista inca (ca. 1490 - 1534) Expansão do império  O "Caminho real dos incas" uniu todo o império do Tahuantinsuyo desde o sul da Colômbia até o norte do Chile e da Argentina. As maiores cidades foram Cusco, Tomabemba e Quito.

Os incas constituem uma grande civilização que dominou uma ampla faixa de terras pelo território sul-americano. De acordo com um relato de natureza mítica, o povo inca se fixou inicialmente na região de Cuzco e teve como primeiro grande líder Manco Capac e a sua esposa Mama Ocllo. Tudo isso ocorreu no ano 1200 depois de Cristo. Por causa das condições geográficas mais favoráveis, a presença inca se concentrou primeiramente na região central dos Andes.

Por volta do ano 1300, os incas estabeleceram um processo de expansão territorial que buscou os planaltos encravados entre as montanhas andinas e as planícies do litoral Pacífico. Sob a tutela do imperador Pachacuti, começou a expansão territorial do império. Os incas chegaram dominar os territórios do Peru, a Bolívia, o norte do Chile e da Argentina.

No ano 1460, começaram a expansão ao norte andino, chegando ao atual Equador e o sul da Colômbia. A capital administrativa do império era Cuzco no Peru, porém o inca Túpac Yupanqui fundasse a cidade de Tumipamba no antigo aldeamento da cultura cañari de Guapondélig. Este inca casou com uma princesa indígena e teve um filho chamado Huayna Cápac, quem continuou a conquista do norte até chegar à atual cidade de Pasto, no sul colombiano.

O atual Equador foi a província do Chinchaysuiu, que significa "terra do jaguar". A conquista do que hoje é território equatoriano devia estar motivada, em grande medida, por causa da alta produtividade agrícola dos vales andinos, sobretudo em milho e batatas. Também pode ser o fato de ter tipos de culturas especializadas nos Andes setentrionáis como o caso da coca, a planta sagrada que se cultivava de forma especial na região de Pimampiro (atual província de Imbabura). Além disso, como as populações do norte do Equador atual sabiam melhor do que ninguém cultivar essa planta, grupos inteiros de moradores dessa zona foram trasladados aos vales de clima similar de outras regiões para melhorar e ampliar seu cultivo.

 "Keru", copo cerimonial inca feito em madeira no século XVI. Museu Nacional do Equador.

Outra razão para a conquista do norte andino pode estar relacionada com o fato de que a costa equatoriana era o principal local da América para a obtenção do "mullu" ou concha Spondylus, objeto de grande valor para os povos andinos, tanto pelo seu significado religioso (culto à fertilidade e oferendas aos deuses) quanto pelo grande valor como matéria prima para fazer jóias e enfeites.

A conquista Inca desta região foi iniciada no século XV por Túpac Inca Yupanqui, filho de Pachacútec, fundador do império inca. Seu filho, Huayna Cápac, foi o primeiro soberano nascido no atual território equatoriano e que estabeleceu a sua residência em Tomebamba, batizada pelos espanhóis como cidade de Cuenca. Ele conquistou o território dos Quitus mediante cruentas guerras travadas nos territórios dos indígenas caranquis (atualmente nas províncias de Pichincha e Imbabura) e a sua vitória definitiva a conseguiria após a massacre acontecida na lagoa de Yaguarcocha («lagoa de sangue», em quéchua) no ano de 1532.[12]

Colônia Conquista e colonização espanhola: 1526-1534

Mesmo que os primeiros contatos dos espanhóis com território equatoriano começaram em 1526, a verdadeira empresa conquistadora desatou em 1534 como conquistador Sebastián de Benalcázar. O conquistador, sem consentimento de seus superiores, começou a conquista de Quito desde a cidade de San Miguel, ao norte do Peru. Quando recebeu notícias que o conquistador Pedro de Alvarado, governador da Guatemala estava se aproximando com uma grande frota ao litoral daquelas terras, onde segundo a tradição estavam escondidos os tesouros do Atahualpa, Benalcázar e um exército de quase duas centenas de homens e cerca de oitenta cavalos empreenderam uma viagem em direção norte.

A resistência indígena à invasão espanhola liderada pelo general inca Rumiñahui, continuou durante 1534, com Diego de Almagro fundador de Santiago de Quito (nos dias atuais Colta, perto de Riobamba), em 15 de agosto do mesmo ano. Em 28 de agosto a cidade foi rebatizada para San Francisco de Quito. A cidade mais tarde mudou-se para a sua atual localização e foi refundada em 6 de dezembro de 1534 por 204 colonos liderados por Sebastián de Benalcázar, que capturou o Rumiñahui e terminou eficazmente qualquer resistência organizada.[13]

Rumiñahui foi então executado em 10 de janeiro de 1535. Em Talavera, o imperador Carlos V assinou a declaratória por Cédula Real em 14 de março de 1541, como cidade,[10] e em 14 de fevereiro de 1556, foi dado o título Muy Noble y Muy Leal Ciudad de San Francisco de Quito ( "Muito Nobre e Leal Cidade de San Francisco de Quito"), além de lhe dar a bandeira e o brasão de armas que se usa até hoje.

 Viagem do Francisco de Orellana pelo Amazonas em 1542.A conquista do Amazonas: 1541-1542

Gonzalo Pizarro é nomeado Governador de Quito e em 1541 organizou uma expedição a terras orientais. Levou inúmeros indígenas que morreram no trajeto. Decidiram seguir a rota explorada antes pelo Gonzalo Díaz de Pineda. Na expedição se uniu o Francisco de Orellana. Diante a falta de privações e alimentos, Orellana é enviado a continuar rio abaixo num bergantim, que acaba chegando no Rio Amazonas em 12 de fevereiro de 1542. Pizarro, sem ter notícias, decidiu voltar para Quito só com 80 homens do total que acompanharam a expedição. O Orellana continuou a viagem até o Atlântico e finalmente a Espanha para informar ao rei sobre esta nova descoberta que seria uma das mais importantes da história colonial da América.[14]

Lutas de poder entre os conquistadores: 1537-1548  Batalha de Jaquijahuana em 1548.

As lutas pelo controle dos novos territórios conquistados produziram as batalhas de Salinas e Chupas entre os que apoiavam a Diego de Almagro e a Francisco Pizarro, conhecidos como "almagristas" e "pizarristas". A Coroa interveio enviando representantes para pacificar a região e estabelecer seu controle.[15] A promulgação das Leis Novas do Rei Carlos I em 1542 e completadas no ano seguinte, fez o ambiente de guerra continuar entre os conquistadores. Os mais conhecidos representantes dessas leis foram os sacerdotes dominicanos Francisco de Vitoria e Bartolomé de las Casas. Dentro daquelas reformas estava a proteção dos índios e a proibição para os religiosos e os espanhóis de ter encomiendas (um sistema de escravidão e exploração contra os índios).

O encarregado da execução das Leis Novas nesta parte do continente foi Blasco Núñez de Vela, primeiro Vice-Rei do Peru, quem assumiu o governo depois do Vaca de Castro em 17 de maio de 1544. Em 18 de janeiro de 1546, se travou um combate conhecido como Batalha de Quito ou Batalha de Iñaquito porque foi travada no local que atualmente está conformado pelos parque La Alameda e El Ejido. Núñez de Vela morreu tragicamente decapitado, embora Benalcázar tenha sido perdoado. 

A resposta da Coroa a semelhantes acontecimentos sangrentos foi tentar uma negociação com os colonos recém chegados que tinham a ambição de obter privilégios e estavam enfrentados com os encomendeiros. As autoridades decidiram não aplicar as polêmicas leis, dando certo controle dos assuntos americanos aos colonos, em troca de consolidar a unidade.

Para enfrentar a Pizarro o religioso Pedro de la Gasca foi designado para isso. O clérigo obteve o apoio dos colonos e conseguiu levantar uma importante força militar. O governador Pedro Puelles, colocado em Quito por Pizarro foi assassinado e os dois exércitos acabaram se enfrentando em Jaquijaguana, perto de Cusco a inícios de 1548. Pizarro foi derrotado e executado com seus tenentes.[16] Finalmente a Coroa consolidou o seu poder mesmo com certas concessões ao poder local.

Da criação da Real Audiência de Quito à Rebelião das Alcabalas: 1563-1593  Mapa da Real Audiência de Quito de 1779.

Após a conquista militar e para segurar o domínio, o estado espanhol implantou sua nova administração, através de três instituições importantes: cabildo, bispado e audiência adequadas por força das circunstâncias ao meio em que foram implantadas. O cabildo se encarregou da partilha de terras e a proteção dos índios, além de se converter no custódio dos interesses econômicos de uma nova elite urbana.

A criação do bispado de Quito em 1551 era a instituição mais importante porque era a ligação entre o estado e a igreja.

Em 29 de agosto de 1563, o Rei Felipe II criou a Real Audiência de Quito, que era um distrito administrativo dependente do Vice-reinado do Peru com a capital em Lima. O estabelecimento dessa audiência consolidou o reconhecimento da unidade particular que no geográfico e histórico formavam os territórios designados a esta divisão administrativa, cuja função principal era ser tribunal superior da justiça, com funções adicionais no legislativo, executivo, econômico e militar, com enorme autonomia efetiva.[15]

 Francisco de Toledo, vice-rei do Peru (1569-1581)

A principal autoridade da Real Audiência de Quito era o Presidente que era um espanhol nomeado pela Coroa.

Além das cidades de fundação espanhola, houve vários aldeamentos indígenas conservados. A nova legislação colonial estabeleceu uma divisão entre a República dos brancos e a República dos índios. Uma das primeiras formas de governo colonial espanhol foi conhecida como mandato indireto, que consistia em manter as autoridades indígenas com o objetivo da cobrança de impostos.

Durante o governo do vice-rei Francisco de Toledo no Peru (1569-1581) se realizaram várias reformas fundamentais administrativas e fiscais que consolidaram o poder colonial em todo o vice-reinado e na Audiência de Quito.[16]

No fim do século XVI em Quito houve um conflito entre o presidente da Audiência Manuel Barros de San Millán, de inclinações em favor dos índios, e o Cabildo, instituição que defendia os interesses dos brancos. Entre 1592 e 1593 se travou a Revolta das Alcabalas contra a plicação de um imposto que atingia o comércio local. Afinal triunfou mais uma vez a Coroa, mas se manteve um certo equilíbrio de forças entre ela e os poderes locais.[16]

 Obraje numa aquarela do século XVIII.Consolidação colonial, terremotos e vulcões: 1600-1700

Entre a última década do século XVI e as primeiras do século XVIII houve uma relativa estabilidade econômica e social. Ao mesmo tempo que se robustecia a burocracia colonial espanhola, uma nova diversidade étnica se profundava.[16]

O século XVII iniciou com a administração do presidente Miguel Ibarra, quem fundou a cidade que leva seu nome em 1606. Durante esse período se continuou com a construção de igrejas e conventos como a igreja da Companhia, El Sagrario, Guápulo e San Diego. As missões religiosas se espalharam pela região oriental, enquanto se regularizou a produção dos estaleiros de Guayaquil.

Por volta da década de 1560, a Real Audiência de Quito começou a mostrar-se como uma região estratégica dentro do sistema comercial hispano-americano como produtora de tecidos provenientes dos obrajes instalados pelos espanhóis, principalmente na Serra centro-norte (atuais províncias de Chimborazo, Tungurahua, Cotopaxi, Pichincha e Imbabura). Nestas terras os indígenas eram conhecidos desde tempos remotos por sua habilidade têxtil que foi aproveitada pelos ibéricos.[17]

 Antonio de Morga, presidente de la Real Audiência de Quito (1615-1636).

Na mesma época, os conquistadores descobriram as minas de ouro de Zaruma, consideradas por muitos cronistas como as terras mais ricas até chegar em Potosi. A Coroa autorizou sua exploração, cujo auge se desenvolveu entre 1585 a 1628. A mineração se converteu no primeiro motor dinamizador da economia colonial até a descoberta das minas de prata do morro de Potosi na Bolívia e se acabaram as minas zarumenhas.

A riqueza da Audiência, por falta de minas, se concentrou na produção de têxteis.[18] Os principais mercados eram as cidades de Lima e Potosi. Por volta do ano 1600, Quito tinha se consolidado como o mais importante centro têxtil da América do Sul. A dificuldade de trazer tecidos da Espanha, a abundante mão de obra indígena barata e com grande domínio das mais variadas técnicas e a necessidade de ter gente trabalhando com o objetivo de recolher impostos para o rei, foram alguns determinantes para o sucesso da produção têxtil. Com frequência os obrajes foram locais de exploração com condições de trabalho inumanas.[17]

Durante a presidência de Antonio de Morga (1615-1636), a produção têxtil chegou ao máximo. Em 1622 foi fundada a Universidade de São Gregório Magno pelos jesuítas que existiu junto com a Universidade de Santo Tomás que era dos dominicanos. O poder civil e eclesiástico e as lutas entre espanhóis e crioulos por ter o controle das ordens religiosas foram a tônica que marcou esse período.

Entre 1630 a 1650 houve dificuldades econômicas ao mesmo tempo que se produzia o monopólio de terras por parte dos espanhóis. Erupções vulcânicas, pestes e ataques piratas no porto de Guayaquil atingiram a Real Audiência. Por volta de 1678, Lope Antonio de Munive foi nomeado Presidente e na sua época, para evitar a divulgação das pestes, o rei ordenou encerrar a criação de novos obrajes.

Em 1660 houve uma forte erupção do vulcão Guagua Pichincha que produz queda de cinza e fluxos piroclásticos e geração de lahars secundários em vários setores do vulcão.[19]

A última década do século XVII foi atingida por uma forte seca, além de um terremoto que destruiu a cidade de Tacunga (atual Latacunga) em 1692, e que atingiu de novo em 1698, provocando muitas perdas e danos a Tacunga, Ambato e Riobamba. A crise econômica que começou no final deste século, continuou no seguinte. No entanto, as atividades produtivas e comerciais eram ainda grandes. Em 1681 existiam duzentos obrajes que ocupavam quase trinta mil operários.[16]

Da Missão Geodésica à Ilustração: 1736-1808.  Pedro Vicente Maldonado.

O século XVIII foi o cenário de mudanças profundas e nem sempre positivas na província de Quito.[20] A morte do rei Carlos II da Espanha, conhecido como "O Feitizado", provocou um caos político e a sua sucessão desencadeou uma guerra na Península Ibérica entre várias nações europeias que terminou com a dinastia dos Habsburgos e marcou a entrada da dinastia Bourbon. Mesmo que a guerra não atingiu diretamente nas colônias de ultramar, a instauração da casa de Bourbon no trono espanhol gerou várias mudanças sociais, econômicas e políticas.

As Reformas Borbônicas incluíram mais controles sobre o comércio das colônias e pressões para a compra de produtos feitos na Espanha. Em 27 de maio de 1717 foi criado o Vice-Reino de Nova Granada com a sua capital em Santa Fé de Bogotá. Quito tornou-se dependente dele, mas foram anos de instabilidade, porque com a supressão do que vice-reinado em 1723, Quito novamente dependeu do Peru até 1739 quando o Vice-Reino foi restaurado. A situação econômica agravou-se neste século. A relativa autonomia alcançada no século XVII desabou.

Quito perdeu seus mercados para vender seus têxteis e a pobreza aumentou, ao mesmo tempo que várias instituições novas foram criadas como a fazenda pública enquanto a Coroa dava a concessão de títulos de nobreza.

A situação se complicou com o aumento das tensões entre o poder civil e eclesiástico. A Igreja Católica tinha o controle da maioria das terras, além da cultura das pessoas.

Entre 1728 e 1736 governou a Real Audiência o presidente Dionisio Alcedo y Herrera, funcionário representante da Casa de Bourbon, que tentou fazer várias reformas para reformar a administração pública e controlar o poder privado e a Igreja, principalmente a anarquia dentro do clero.

 Carta Geográfica da Real Audiência de Quito feita em 1750 por Pedro Vicente Maldonado.

Foi quase no final da sua administração que chegou em Quito a Missão Geodésica Francesa , organizada pela Real Academia de Ciências de Paris e o Rei Luis XV da França. O principal objetivo foi medir um arco do meridiano terrestre. No entanto, além da ciência, a missão teve influência na divulgação de novas ideias ilustradas à elite quitenha. Dentro da missão destacou o geógrafo quitenho nascido em Riobamba Pedro Vicente Maldonado.

Entre 1745 a 1753 governou Félix Sánchez de Orellana III Marquês de Solanda, único quitenho que foi presidente da Real Audiência e que fez algumas reformas ao Palácio Real. Durante sua presidência houve enfrentamentos entre chapetones e crioulos que não conseguiu controlar. Entre 1753 a 1761 governou Juan Pío Montúfar y Frasso, I Marquês de Selva Alegre. Durante a administração do Manuel Rubio de Arévalo (1761-1767), o Estado consolidou a centralização do poder político. A pior medida foi o estabelecimento do "estanco" ou monopólio dos aguardentes em 1764. Ao mesmo tempo se decretou um novo imposto na alfândega que racionalizava a cobrança da alcabala, que era o imposto às vendas que cobrava a Coroa. Isso atingiu negativamente aos produtores de aguardente e aos comerciantes. Em 1765 o povo fez a rebelião dos estancos que desencadeou uma série de revoltas nos setores populares e indígenas que foram cruelmente reprimidas pelas autoridades.

José Diguja foi presidente entre 1767 a 1788 e durante seu período aplicou uma política intervencionista, típica do reinado de Carlos III. Foi este presidente que teve que executar a ordem de expulsão dos jesuítas em 1767.

As reformas acrescentaram as lutas pelo poder político e econômico até o final do século XVIII.

No meio disso, a Coroa espanhola se via ameaçada constantemente pelo perigo de que seus territórios de ultramar fossem invadidos por ingleses e franceses. Para evitá-lo, se decidiu explorar aquelas terras longínquas e conseguir o duplo propósito de reivindicar a sua posse e, ao mesmo tempo, fazer um inventário dos recursos naturais que podiam ser úteis na indústria, a medicina e o comércio. Com este fim, se organizaram três grandes expedições: a do Peru (1777–1788), a da Nova Granada (1783–1815), e a da Nova Espanha (1787–1803).[21]

Em 1985, o médico e pesquisador equatoriano Dr. Eduardo Estrella descobriu nos arquivos do Jardim Botânico Real de Madri toda a informação da expedição botânica desenvolvida pelo botânico Juan José Tafalla Navascués entre 1799 a 1808 e que foi conhecida como Flora Huayaquilensis.

No entanto, apesar dos problemas, esse período conhecido como ilustração, viu florescer as artes e as ciências em Quito com personagens importantes como o médico e jornalista Eugenio Espejo (1747-1795), um dos pioneiros das letras latino-americanas e das ideias libertárias; o jesuíta Juan de Velasco, autor da História do Reino de Quito, considerada a primeira obra monumental sobre a história e identidade do atual Equador. No plano das artes, a Escola Quitenha chegou ao seu clímax com grandes artistas como o indígena Manuel Chili Caspicara e o mestiço Bernardo de Legarda.

Independência e Grã Colômbia A Revolução de Quito (1808-1812)  Manuela Cañizares.

A invasão napoleônica da Península Ibérica converteu às autoridades peninsulares em usurpadores do poder. A nobreza crioula americana resolveu a criação de juntas de governo, com o propósito de exigir o retorno ao monarca legítimo. Em 25 de dezembro de 1808, uma turma de crioulos aristocratas de Quito se reuniu num jantar de natal na fazenda Chillo Companhia, propriedade de Juan Pío Montúfar y Larrea, II Marquês de Selva Alegre. Alguns meses depois, em 9 de agosto de 1809, na casa da quitenha Manuela Cañizares, fizeram outra reunião. Entre os personagens mais importantes estavam Juan de Dios Morales, Antonio Ante e Manuel de Quiroga, além do marquês que foi eleito presidente daquela junta.

Os complotados desconheceram a autoridade do Conde Ruiz de Castilla, presidente da Audiência e em 17 de agosto de 1809 assinaram uma tentativa de independência.

A vida daquela junta foi precária. O apoio esperado de Cuenca, Guayaquil e Pasto não pôde conseguir-se. As autoridades espanholas controlaram a situação.[16] Infelizmente a milícia quitenha não teve um bom nível de organização. O Vice-rei de Lima enviou uma força militar que cercou Quito, enquanto o Vice-rei da Nova Granada mandou tropas pelo norte e finalmente a junta teve que dissolver-se. O conde Ruiz de Castilla voltou ao governo, oferecendo indulto para os rebeldes, mas na verdade aprisionou a mais de cem revolucionários nos cárceres do Quartel Real que foi instalado dentro do prédio da antiga universidade dos jesuítas.

 Fernando VII num retrato de Francisco de Goya. Ca. 1814.

O povo de Quito reagiu em 2 de agosto de 1810 e foi para as ruas tentando tomar de assalto o quartel. Foi assim que as tropas espanholas também reagiram e se desencadeou uma cruel massacre na qual mais de trezentas pessoas morreram.

Em 1812 chegou o filho do Marquês de Selva Alegre, Carlos Montúfar como Comissionado Régio do Conselho de Regência espanhol, mas a sua vinda, longe de acalmar os ânimos, motivou a criação de uma nova junta de governo na qual Montúfar teve muita influência.[16]

Nessa junta são estabelecidos os Artigos do Pacto Solene de Sociedade e União entre as Províncias que conformam o Estado de Quito. Naquela carta era reconhecido Fernando VII como único monarca. No entanto essa junta também teve que dissolver-se e os realistas voltaram ter o controle em 1812.

A Vitória Realista (1812-1820)

Entre 1812 a 1820, várias autoridades espanholas governaram a Real Audiência de Quito no meio de uma tensa calmaria e severa repressão.[22] As guerras na Espanha que acabaram com a invasão francesa e a restituição da monarquia espanhola liderada por Fernando VII foram fundamentais para o processo de libertação americana.

A Libertação final (1820-1822)

Em 9 de outubro de 1820, um grupo de notáveis crioulos liderados pelo poeta José Joaquín de Olmedo se reuniram em Guayaquil e declararam a sua independência, criando a Província Livre de Guayaquil, também conhecida como República de Guayaquil. Este importante acontecimento motivou outros movimentos no interior da audiência, como a independência de Cuenca em 3 de novembro.

Logo depois da declaração, uma das primeiras ações que buscou a nova república foi a libertação do resto da audiência, no entanto, após algumas vitórias, as posteriores perdas obrigaram ao fraco exército guayaquilenho a recuar. Nessa complicada situação, o General Simón Bolívar desde Colômbia enviou a seu melhor general, o também venezuelano Antonio José de Sucre para comandar as operações.

 Antonio José de Sucre e a Marquesa de Solanda.

Depois de uma perda contra o exército realista, as tropas libertárias conseguiram atravessar os Andes e em 24 de maio de 1822, o Antonio José de Sucre liderou com sucesso a Batalha de Pichincha. Sua vitória marcou a independência de Quito e arredores.

República da Grã Colômbia (1822-1830)

Apenas alguns dias após a Batalha de Pichincha, os líderes da cidade proclamaram sua independência e permitiram que a cidade fosse anexada à República da Grã-Colômbia.

Em 26 de julho de 1822 se produz uma entrevista entre os libertadores da América do Sul, José de San Martín da Argentina e o Simón Bolívar. O principal objetivo era discutir sobre a soberania da província de Guayas, a liberdade do Peru e a forma de governo ideal para a nova república.

Em 1819 se constitui a nova república, integrada pela Capitania Geral da Venezuela e o Vice-reino da Nova Granada, dividida em três departamentos: Venezuela, Cundinamarca e Quito. Bolívar é nomeado Presidente e segundo Uti Possidetis Juris, o território da Audiência de Quito pertencia à Nova Granada.[23] O atual Equador foi anexado como Departamento do Sul.

Era Republicana  Juan José Flores.Criação da República do Equador (1830-1845)

Em 13 de maio de 1830, depois da separação do Departamento do Sul da Grã Colômbia, se criou na primeira Assembleia Constituinte de Riobamba, a República do Equador, cuja capital foi a histórica cidade de Quito. Essa constituinte escolheu presidente ao General venezuelano Juan José Flores quem dominará a cena política nacional durante uns quinze anos e conseguiu ser o ponto de encontro de inumeráveis e heterogêneos interesses locais e regionais.[24] O período se carateriza pelo estado interno de guerra. A oposição está centrada em torno ao grupo denominado "Quitenho Livre" e à personalidade de Vicente Rocafuerte.

Uma segunda constituinte celebrada em 1835 na cidade de Ambato nomeu o guayaquilenho Vicente Rocafuerte presidente do Equador. Com ideias liberais, ele representava os interesses econômicos do litoral, vinculados ao comércio internacional e nessa lógica se fazem esforços centralizadores. Seu governo se conheceu como despotismo esclarecido.

O congresso de 1839 nomeou o General Flores novamente como Presidente. Este buscou perpetuar-se no poder. Cresceu a oposição em sua contra por parte de Rocafuerte, a Sociedade Filantrópica, os nobres de Guayaquil e o clero.[24]

Revolução Marcista e Urvina (1845-1860)

Em março de 1845 se produz em Guayaquil um pronunciamento contra Flores, o mesmo que designou um governo provisório como uma tentativa da oligarquia do litoral de obter o poder. Flores prefere assinar um acordo, mas uma nova Constituinte em Cuenca elege presidente a Vicente Ramón Roca, cuja administração decorre entre a ameaça de invasão de Flores e dificuldades econômicas.[24] No meio daquele cenário político aparece o general José María Urvina, mas numa nova constituinte em Quito é nomeado como presidente Diego Noboa.

 José María Urvina.

No entanto, com a revolução marcista, o general Urvina se converteu no personagem mais influente da política nacional e o líder com mais peso dentro do exército. Em 1851 é nomeado presidente e declara a abolição da escravidão, além da supressão dos impostos para os indígenas e uma campanha de alfabetização para a tropa.

Essas medidas progressistas para a época provocaram o ódio dos proprietários de terras da Serra, mesmo que conseguiu o apoio de importantes setores populares.[25]

Este período esteve marcado por uma profunda crise econômica, instabilidade política que levou à separação do estado em três repúblicas em Quito, Guayaquil, Quito e Loja, além de conflitos limítrofes com o Peru.

República do Sagrado Coração de Jesus (1860-1875)

Em 1861 se reuniu uma nova Convenção Nacional, presidida por Juan José Flores, a mesma que fabricou a sétima carta política e nomeou García Moreno, primeiro, Presidente Interino, depois, Presidente Constitucional.[26]

García Moreno foi quem mais obras fez para transformar a cidade. Foi um energético mandatário que, ao mesmo tempo procura realizar seu projeto de instaurar um regime baseado nas normas do direito público segundo a conceição católica do Estado.[10] Promoveu um acelerado ritmo de construções e dotação de infraestrutura, além da unidade do país através da concentração do poder.

Durante a sua administração se construíram várias obras como a estrada que unia Quito com Riobamba, Simbambe até Guayaquil. A estrada começava na Praça de São Domigos e continuava por uma ponte que foi construída como um dos primeiros viadutos. Por cima passava a estrada enquanto abaixo se encontrava a atual Rua La Ronda.

Mandou colocar novas árvores no Parque de La Alameda e junto com os jesuítas alemães Menten e Dressel fez a construção do Observatório Astronômico. Nos arredores do centro da cidade, nas ladeiras do vulcão Pichincha construiu o "Panóptico" (1868-1874), uma estrutura sólida destinada à prisão, cujo nome responde a um corpo circular central desde onde é possível ter uma visão de todas as cinco alas do prédio. Os arquitetos Reed e Schmidt tomaram a ideia da prisão de La Santé em Paris. Outras obras importantes incluíram a Escola Politécnica Nacional e a Escola de Belas Artes.

Como parte das suas políticas, a sua ideia do progresso incluiu à Igreja como pedra fundamental. Buscou assinar uma concordata com a Santa Sé, trouxe os jesuítas de volta, declarou a Nossa Senhora da Mercê como padroeira nacional em 1861 e o Equador foi consagrado oficialmente ao Sagrado Coração de Jesus em 1874.

Na quinta-feira 3 de junho de 1875, Quito foi testemunha da primeira iluminação noturna da cidade mediante energia elétrica, num experimento feito na Praça Grande pelos professores da Politécnica padres Eduardo Brugier e Joseph Kolberg.[10]

Governou com mão dura de 1859 a 1865 e de 1869 a 1875, quando foi assassinado em Quito no Palácio de Governo.

Gabriel García Moreno. 
Gabriel García Moreno.
Panóptico. 
Panóptico.
Frontispício do Palácio de Governo mandado construir por García Moreno. 
Frontispício do Palácio de Governo mandado construir por García Moreno.
Fundadores da Escola Politécnica Nacional. 
Fundadores da Escola Politécnica Nacional.
Assassinato do García Moreno em 6 de agosto de 1875. 
Assassinato do García Moreno em 6 de agosto de 1875.
Veintemilla, restauração e progressismo (1875-1895)  Ignacio de Veintemilla.

A finais de 1875 ascendeu ao poder Antonio Borrero, um católico partidário dos princípios liberais, homem austero, de incensuráveis princípios democráticos quem, num momento determinado, apresentou resistência à arbitrariedade de García Moreno.[26]

Na tentativa de lutar contra a Constituição aprovada por García Moreno, Borrero fracassou. Durante a crise, a oligarquia guayaquilenha apoiou à candidatura do general Ignacio de Veintemilla e em setembro de 1876 se travou um duro golpe de estado que terminou por colocar o novo militar no palácio. Sete anos conseguiu ficar no poder Veintemilla, durante os quais se fizeram poucas obras públicas de importância.

Durante seu governo começou a construção do Teatro Nacional Sucre sob a direção do arquiteto alemão Schmidt, no local onde antigamente funcionavam os açougues.

A perseguição à Igreja pela ditadura do general Veintemilla cobrou vinte vítimas em 1 de março de 1877 quando na praça de São Francisco foi baleado o povo que tinha comparecido em defesa do franciscano espanhol padre Gago, que foi acusado de atacar ao governo no sermão daquela manhã.[10]

Na Sexta-feira Santa 30 de março de 1877, o bispo de Quito José Ignacio y Checa Barba foi morto por envenenamento na Catedral.

Em 14 de novembro de 1877 ocorreu a primeira tentativa de golpe contra o regime do ditador Ignacio de Veintemilla. Em 10 de janeiro de 1883, Quito foi defendida por tropas lideradas por Marieta de Veintemilla, sobrinha do ditador. Em 9 de julho do mesmo ano, o porto de Guayaquil foi tomado por uma aliança de forças de todos os partidos políticos. Esta situação acabou com o derrubamento da ditadura e o começo de uma cruzada nacional , conhecida como a Restauração. Liberais-católicos e ultra conservadores continuaram as lutas pelo controle do Estado. Com a vitória do José María Plácido Caamaño em 1884 tomou força a alternativa do progressismo. Entra as obras de seu período destaca a criação de um Jardim Botânico na zona norte do Parque de La Alameda, com a direção do jesuíta italiano Luis Sodiro e o melhoramento da estrada norte que unia Quito com Pusuquí.

 Quito no século XIX. Óleo de Rafael Salas.

No entanto, a sua maior obra foi a união de Quito e Guayaquil por meio do telégrafo, inaugurado em 9 de julho de 1884.

Entre 1888 a 1892 governou Antonio Flores Jijón, filho do primeiro presidente da República. As suas principais obras para a cidade foram a colocação no Palácio de Governo das grades de ferro que pertenciam ao antigo Palácio das Tulherias em Paris e a Exposição Nacional celebrada no Parque de La Alameda em 1892.

Entre 1892 a 1895 governou o liberal-católico Luis Cordero. Durante seu mandato, sob a direção do arquiteto Schmidt se fizeram reparações em vários edifícios públicos, se construiu a fonte na igreja de Santa Bárbara e se melhorou a distribuição de água desde o monte Atacazo.[10]

Liberalismo (1895-1912)  Archer Harman, construtor da estrada de ferro junto ao general Eloy Alfaro.

O aumento das exportações de cacau fez mudar o poder econômico concentrado nos proprietários da terra da Serra pata os novos agro-exportadores do litoral. Essa crescente aristocracia composta por comerciantes e banqueiros começou adquirir hegemonia.

No meio desse novo cenário político se desencadeou a Revolução Liberal, na qual participara essa nova elite de tipo liberal junto com os camponeses costeiros conhecidos como "montoneiros".

O general Eloy Alfaro assumiu o poder depois de um longo processo de lutas e levantamentos, que tem seu ponto culminante na Revolução de 5 de julho de 1895.[25]

As reformas ao estado significaram a existência permanente de uma conspiração conservadora. A divisão dentro dos liberais se visibilizou em 1901 com a eleição do General Leonidas Plaza como sucessor. Ele continuou com as reformas mais radicais e no fim de seu período tentou impedir a volta de Alfaro ao governo, mas o líder do liberalismo conseguiu voltar com golpe de estado para uma nova administração entre 1906 a 1911.

O liberalismo significou a consolidação de um Estado nacional, o que provocou muitas transformações na sociedade. Na parte econômica o Equador entrou no mercado internacional graças ao auge da produção e exportação do cacau. Com a Constituição de 1906 foi aprovada a Lei do Matrimônio Civil e o divórcio, assim como se garantiu a liberdade de cultos.

Também significou tirar o poder econômico e a forte influência política que tinha a igreja católica, através de várias medidas como a Lei das Mãos Mortas que confiscou as propriedades que estavam concentradas no clero.

Entre as obras mais importantes desse período para a cidade capital destacam:

 Eloy Alfaro no trem em 1908.Criação em 5 de junho de 1897 do Instituto Nacional Mejía, primeiro colégio laico de Quito e segundo do Equador; Criação em 14 de fevereiro de 1901[27] do Colégio Manuela Cañizares, primeira instituição educativa feminina do Equador; Reabertura em 24 de maio de 1904 da Escola de Belas Artes, anexa ao Conservatório Nacional de Música e dirigida por Pedro Traversari;[28] Construção do Palácio da Exposição pelo arquiteto português Raúl Maria Pereira entre 1907 a 1909; Construção do monumento à Independência em 1909, felito por João Batista Minguetthi, Adriático Froli e Francesco Durini.

A obra mais significativa do período foi a terminação da estrada de ferro que uniu o porto de Guayaquil com Quito. O primeiro trem chegou à estação de Chimbacalle em 25 de julho de 1908.

Depois de deixar o poder em 1911, e de sua ausência pela América Central, Eloy Alfaro decidiu voltar para tentar acalmar uma nova revolta dos radicais, no entanto os confrontos entre os dois bandos políticos acabaram com a prisão do general. Em 28 de janeiro de 1912, os líderes do liberalismo, entre eles Eloy Alfaro, Flávio Alfaro, Medardo Alfaro e Ulpiano Páez foram cruelmente arrastados desde o panóptico pelas ruas do centro até o Parque El Ejido onde seus corpos foram queimados, num dantesco acontecimento conhecido na história como "a fogueira bárbara".[26]

 Planta da rota dos bondes em Quito (1914-1948).Plutocracia (1912-1924)

Depois da fase revolucionária, a etapa 1912-1925 foi o predomínio da oligarquia liberal.[16] A segunda administração de Plaza, atingida pela campanha de Esmeraldas contra a guerrilha do coronel Carlos Concha, que consume todos os recursos do governo, não consegui fazer muitas obras públicas. No entanto se contratou a construção do Palácio do Correio atrás da presidência e o começo da estrada de ferro do norte para conectar Quito com Ibarra e posteriormente com o porto de Esmeraldas.

Em 1914 se inaugurou o serviço de bondes elétricos e em 8 de outubro daquele ano começa circular um novo tipo de transporte público, mesmo que pertencia a uma empresa privada. A rota iniciava na mesma estação de trens de Chimbacalle, continuava pela atual Rua Maldonado até São Domingos e finalizava na atual Avenida Colón, no bairro de La Mariscal. Tinha outra linha que conectava a Praça Grande com o cemitério de San Diego.

Para 1917 se ampliou a central de telefones instalada em 1900, se continuou com os avanços da construção do Palácio do Correio e se fez a construção de um moderno sanatório no morro de San Juan.

A cidade cresce até o norte e novos conjuntos residenciais se constroem nos bairros de La Mariscal, América e La Floresta.

Em 1920 aterrizou o primeiro avião chamado El Telégrafo na planície onde se fez a construção do antigo aeroporto.

A queda dos preços internacionais do cacau levaram a uma profunda crise econômica. O presidente José Luis Tamayo, representante da oligarquia guayaquilenha, foi o encarregado de presidir a comemoração do centenário da Batalha de Pichincha em 1922. No local onde se travou a batalha que liberou Quito do poder colonial, o presidente encomendou a colocação de um obelisco em honra dos libertadores Antonio José de Sucre e Simón Bolívar. Como parte das celebrações se inauguraram a avenida 24 de Mayo sobre a antiga ravina de Jerusalem enquanto El Ejido foi transformado no Parque de Mayo.

 Edifício do antigo Banco Central do Equador, construído pelos irmãos Durini.

O governo ditatorial do Tamayo reprimiu com mão de ferro uma greve geral dos trabalhadores de Guayaquil em 15 de novembro de 1922 que acabou com o assassinato de centenares de pessoas.

Em 1924 Gonzalo Córdova foi nomeado presidente numa etapa de profunda crise do liberalismo.

A Revolução de Julho de 1925

Em 9 de julho de 1925, um grupo de militares progressistas derrubaram o novo presidente. Isidro Ayora tomou posse do governo em 1926 e foi nomeado presidente constitucional em 1928. Mesmo que não fez muitas obras materiais, as suas políticas provocaram importantes transformações que consolidaram o Estado unitário e a importância de Quito como capital da República. Durante a sua administração se criou o Banco Central do Equador, a Superintendência de Bancos, a Auditoria Fiscal do Estado e a Caixa de Pensões para a aposentadoria. Inaugurou o prédio do Banco Central, construído pelos irmãos Durini, o Palácio do Correio e inaugurou a estrada Quito-Ibarra.

A Guerra dos quatro dias (1932)  O presidente Isidro Ayora (no centro sentado) numa reunião em 1930.

Num momento de fraqueza da elite costeira, os terratenentes andinos se lançaram à conquista do poder, obtendo o triunfo do Neptalí Bonifaz. A sua desqualificação por uma parte do Congresso provocou a Guerra dos quatro dias, na qual um importante protagonista foi a Compactação Operária Nacional, uma união de artesãos dirigidos pela direita. Em 27 de agosto sublevou-se a guarnição de Quito. Ao dia seguinte, várias unidades militares provenientes do norte e do sul do país marcharam sobre a cidade.[26] Entretanto, o presidente do Congresso, Baquerizo Moreno apresentou a sua demissão e pediu asilo numa missão diplomática. Os confrontos duraram quatro dias. Finalmente Bonifaz deixou a presidência e Alberto Guerrero Martínez foi nomeado como interino.

Entre o "Velasquismo" e o auge bananeiro (1934-1964)

Sem dúvida um dos personagens mais carismáticos da história do Equador foi José María Velasco Ibarra (1893-1979). Sua liderança política por mais de 45 anos e cinco presidências fez este período conhecido como "velasquismo".

 Velasco Ibarra num discurso.

A primeira presidência do Velasco Ibarra acabou com um golpe de estado em 1935. Federico Páez exerceu por dois anos uma ditadura civil (1935-1937) com o apoio das Forças Armadas. No entanto foi derrubado pelo general Alberto Enríquez Gallo, quem governou o país entre 1937 a 1938. Neste curto período se aprovou o Código do Trabalho. Enríquez entregou o poder a uma Assembleia Constituinte em 1938 que foi dissolvida por Aurelio Mosquera Narváez que tentava acabar com a "ameaça da esquerda" e consolidar o poder nas mãos da elite liberal.[16]

No entanto, a súbita morte do presidente colocou no palácio a Carlos Alberto Arroyo del Río, quem conseguiu governar entre 1940 a 1944. Durante seu governo, foram comprados vários prédios para o funcionamento do Ministério da Fazenda e o Ministério da Agricultura e Criação de Gado. Também adquiriu o casarão colonial da família Villacís para convertê-lo no Museu de Arte Colonial e a sede da Academia Nacional de História. Na frente do campo de aviação se construiu um quartel militar para o Batalhão "Vencedores". Em 26 de dezembro de 1941 inaugurou o Colégio Nacional Montúfar. Em 1941 se travou uma outra guerra com o Peru que terminou com a derrota do exército equatoriano e a assinatura do Protocolo do Rio de Janeiro em janeiro de 1942, no qual se estabeleciam os limites entre as duas nações.

 Galo Plaza junto com a sua esposa Rosario Pallares e o presidente Harry Truman durante uma visita oficial aos EUA em 1951.

Em 28 de maio de 1944 se travou a Revolução Gloriosa, um movimento de massas que trouxe de volta ao líder Velasco Ibarra. Uma nova Assembleia Constituinte em 1946 confirmou ele como mandatário. Foi nesse período que se fundou a Casa da Cultura Equatoriana (1944) e a Pontifícia Universidade Católica do Equador (1946). Em 12 de fevereiro de 1949, a novela realista de H. G. Wells "A Guerra dos Mundos" que foi apresentada como rádio novela, provocou o pânico na cidade e a morte de mais de vinte pessoas que morreram no incêndio do prédio onde funcionava o jornal El Comercio.

Para 1946, a principal autoridade da cidade era o Presidente do Conselho Municipal de Quito. Com uma reforma se criou o título de "alcalde" ou prefeito que foi assumido por Jacinto Jijón y Caamaño.

Durante a época da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o Equador foi descobrindo um novo produto de exportação, o banano. O país voltou aos mercados internacionais. Galo Plaza Lasso (1948-1952) tentou modernizar o país, mas com as condições propostas pelos Estados Unidos após da guerra.

Na terceira administração do Velasco Ibarra se começou a construção de um novo edifício para o Colégio 24 de Mayo, se entrega um novo terreno para o Colégio Montúfar, se faz um pavilhão para mulheres no panóptico e se realizam várias obras como parte de um Programa Rodoviário Nacional.

A administração de Camilo Ponce Enríquez (1956-1960) significou de várias obras de modernização da capital, junto com seu ministro de obras públicas, Sixto Durán Ballén. Algumas obras incluíram a construção dos prédios do Congresso, a Chancelheria, a Previsão Social, residências universitárias na Central e na Católica, além da ampliação da pista de aterrissagem no aeroporto "Mariscal Sucre", o Acampamento Miltar "Eplicachima" localizado ao sul de Quito e o melhoramento das rodovías para conectar Quito com o Vale dos Chillos a leste e com Tambillo e Lasso ao sul.[10]

Nas eleições de 1960, Velasco Ibarra ganhou novamente a presidência com um discurso anti-imperialista, mas não conseguiu manter-se no poder. Carlos Julio Arosemena governou até 1963.

Militares e petróleo (1963-1979)

Uma junta militar tomou o poder em julho de 1963 com uma marcada influência do governo norte-americano e uma política anticomunista e antiCuba. Como parte da sua ideia de modernização se fez uma reforma agrária em 1964, mas os setores populares e de estudantes foram reprimidos. A Universidade Central do Equador foi fechada três vezes em 1964, 1965 e 1966, o que gerou o repúdio da população. Nesse ano se aprovou uma nova Lei de Educação Superior na qual se declarou a autonomia da universidade e a inviolabilidade de seu território.

Finalmente a ditadura caiu e Clemente Yerovi foi eleito para organizar uma nova Assembleia Constituinte que em 1966 escolheu a Otto Arosemena Gómez como presidente interino. Em 1968 Velasco Ibarra voltou por quinta vez ao palácio presidencial, mas com uma figura muito gastada para os eleitores.

Em 1972 foi derrubado por um novo golpe militar liderado pelo general Guillermo Rodíguez Lara que comandou um Governo Nacionalista e Revolucionário que teve que enfrentar um auge econômico promovido pela exploração do petróleo em agosto de 1972.Lara foi substituído em 1976 por um Conselho Supremo de Governo que continuou o regime militar, limitando as suas políticas progressistas e reprimindo aos trabalhadores, como na massacre dos operários do engenho AZTRA em 1977.[16]

Em 1970 foi eleito como prefeito de Quito o arquiteto Sixto Durán Ballén que foi ratificado em 1974 pelo Rodríguez Lara e governou a cidade até 1978.

Daquela época dos militares, a capital conserva algumas obras importantes:

Pavimentação da rodovia Panamericana Norte desde a Avenida Colón até Carretas, começada pela junta e terminada pelo Rodíguez Lara; Construção do prédio do atual Ministério da Agricultura e Criação de Gado; Construção do novo Hospital Militar pelo Conselho de Governo em 1964; Construção de um Colégio Militar em Parcayacu; Compra de vários imóveis para o funcionamento do Ministério de Educação e o Banco Ecuatoriano de la Vivienda (Banco Equatoriano da Moradia); Projeto de moradia Luluncoto, ao sul em 1964; Construção de grandes urbanizações em San Carlos e Carcelén que esticam a cidade ao norte e Solanda, Mena I e Mena II ao sul; Construção da estátua da Virgem do Panecillo, inaugurada em 1975, feita pelo escultor espanhol Agustín de la Herrán; Construção da Estação Rodoviária de Cumandá entre 1976 a 1977 pela companhia israelita Solel Boneh Internacional; Construção dos túneis de San Diego e San Juan em 1978; Construção do viaduto "El Guambra" na atual Avenida Patria.

Em 8 de setembro de 1978, a UNESCO declarou Quito como Patrimônio Cultural da Humanidade, junto com Cracóvia na Polônia.

Retorno à democracia (1979-1995)

O Conselho Supremo estabeleceu um Programa de Restruturação Jurídica para voltar ao regime legal. Nas eleições de 1978 e 1979 triunfou Jaime Roldós com uma aliança da Concentração de Forças Populares e a Democracia Popular.

No entanto, seu Programa de Desenvolvimento e as suas políticas progressistas não conseguiram ser aplicadas. O líder do seu partido, Asaad Bucaram, tentava governar o país e o presidente ficou sem maioria no Congresso. Em 1981 explodiu um outro conflito com o Peru na Amazônia na região de Paquisha que dificultou mais ainda a sua administração. Mesmo que conseguiu um consenso nacional para enfrentar a situação, teve que fazer concessões na sua linha progressista internacional e teve que tomar medidas que atingiram negativamente no povo. Em 24 de maio de 1981 morreu num acidente aéreo.

Continuou o vice-presidente Osvaldo Hurtado que tentou organizar melhor a administração pública, mas a crise econômica produto da queda dos preços do petróleo em 1982 e o aumento do gasto público fez o país entrar numa recessão. O governo decidiu enfrentar a crise cedendo às pressões do Fundo Monetário Internacional e "sucretizou", é dizer que converteu de dólares a sucres (moeda equatoriana naquela época) as dívidas privadas e fez uma negociação da dívida externa que resultou desastrosa para o país.[16]

 Tropas equatorianas em Tiwintza, na área da guerra com o Peru em 1981.

Uma Frente de Reconstrução Nacional liderada pela ultra direita ganhou a eleição com seu candidato León Febres Cordero em 1984. Os primeiros seis meses da administração de Febres Cordero se caracterizaram pela violência e o confronto com o Congresso, ao que impus pela força uma nova Corte Suprema de Justiça.[29]

Em 5 de outubro de 1984, Febres Cordero desconheceu a eleição parlamentar dos magistrados da Corte Suprema de Justiça. Em 8 de outubro, mandou cercar a corte com tanques da Polícia Nacional impedindo o ingresso dos juízes ao Palácio da Justiça. Dez dias depois, a Corte eleita desde 1979, renuncia a suas funções e o Congresso elege uma nova Corte Suprema, com a representação de todos os setores políticos presentes no Congresso.[30]

 León Febres Cordero.

Uma turma de jovens revolucionários criaram uma guerrilha de esquerda chamada "Alfaro Vive Carajo". Como resposta às atividades subversivas do grupo, Febres-Cordero criou o Serviço de Investigação Criminal ou SIC para contra-arrestar à nascente guerrilha. Os homens que eram parte dessa unidade receberam treinamento com um ex-agente de inteligência do governo do Israel, Ran Gazit.[31]

No meio daquele ambiente de agito social e político, em 29 de janeiro de 1985, o Papa João Paulo II chega em Quito para uma visita oficial que durou três dias.[32]

O aviador Frank Vargas Pazzos, que tinha sido amigo do presidente, denunciou o alto preço de um avião Focker para a Força Aérea e declarou a guerra ao Ministro da Defesa Luis Piñeiro. Imediatamente entrincheirou-se na base área de Manta. Em 12 de maio de 1986, Vargas e alguns generais viajaram para Quito e se tomaram o aeroporto declarando-se em pé de guerra. Febres Cordero ordenou cercá-los. Os revoltados foram presos, mas em 16 de janeiro de 1987 Ferbes Cordero visitou a base militar de Taura, localizada na província de Manabí e foi recebido a tiros pelos militares que exigiam a libertação do Vargas. O presidente foi sequestrado e obrigado a assinar vários documentos e o Vargas foi liberado.[33]

Várias greves gerais dos trabalhadores detonaram junto a detenções arbitrárias, censura aos jornalistas, fecho de várias rádios e de um canal de televisão.

Em 5 de março de 1987 um forte terremoto atingiu a capital equatoriana, provocando importantes danos, principalmente no centro histórico.

Seu governo se caracterizou pela repressão, tortura e desaparições forçadas, segundo demostrou a Comissão da Verdade criada em 2008 pelo presidente Rafael Correa.[34] Entre as desaparições mais famosas se encontra a professora Consuelo Benavides e os irmãos Restrepo, todos detidos pelos comandos do SIC.[35]

 Padres dos desaparecidos irmãos Restrepo durante o governo de León Febres Cordero.

Em 1988 ganhou nas eleições Rodrigo Borja, candidato da Esquerda Democrática, que chegou a dominar Executivo, Congresso, Corte Suprema e organizações de controle, mas que não fez as mudanças socioeconômicas que ofereceu na campanha.[16]

Mesmo que garantiu o respeito aos direitos humanos e às liberdades, a sua política de ajuste e o aumento da dívida externa gerou o repúdio das classes populares e dos indígenas que em 1990 organizaram o primeiro levantamento importante do final do século XX. Borja deu terras na Amazônia, mas parou a reforma agrária no litoral e nos Andes.

Durante a sua administração. Rodrigo Paz Delgado foi eleito prefeito da cidade que governou entre 1988 a 1992. Entre as suas obras mais importantes destacou o projeto de Água Potável Papallacta, além da ampliação da rodovia Pan-americana Norte e Sul, a Avenida De los Granados e o início dos estudos para a implementação do trólebus.

 Papa João Paulo II durante a sua visita em Quito em 1985.

Nas eleições presidenciais de 1992 foi eleito o candidato da direita Sixto Durán Ballén. Jamil Mahuad Witt foi eleito prefeito. Uma das obras mais importantes da sua administração foi a implementação do trólebus. Em 17 de dezembro de 1995 arrancou a primeira fase com 14 ônibus articulados. Depois de enfrentar o confronto dos motoristas dos outros serviços de transporte público, conseguiu ampliar a linha desde El Recreo ao Sul até a Avenida Colón ao norte.[36] Mahuad foi reeleito como prefeito em 1996, mas teve que deixar o cargo para apresentar-se às eleições presidenciais de 1998.

Em 1995 o Peru atacou destacamentos militares equatorianos na bacia do rio Cenepa, na Amazônia. O presidente Durán Ballén agiu com firmeza enquanto reconhecia o Protocolo do Rio de Janeiro. Após várias semanas de confrontos nos quais as Forças Armadas equatorianas defenderam a soberania nacional, se assinou um primeiro acordo de paz.

Da crise política à rebelião dos °foragidos° (1996-2005)

Nas eleições de 1996, o candidato populista Abdalá Bucaram Ortíz, representante do Partido Roldosista Equatoriano (PRE) ganhou a presidência contra o social-cristão Jaime Nebot Saadi, ambos originários de Guayaquil, de famílias libanesas. Bucaram agravou os conflitos regionais com um estilo informal e arbitrário e se enfrentou com vários grupos sociais e indígenas que, acusando-o de corrupção, realizaram um protesto em fevereiro de 1997 que terminou por afastá-lo do poder.[16] A vice-presidente Rosalía Arteaga assumiu a presidência, mas durou poucas horas porque o Congresso decidiu nomear a Fabián Alarcón como presidente interino. Em 1998 se reuniu uma nova Assembleia Constituinte para reformar a Constituição de 1978.

Abdalá Bucaram foi como prófugo para Panamá, onde mora atualmente.

A nova Constituição entrou em vigência em 10 de agosto de 1998 quando assumiu a presidência Jamil Mahuad Witt.

O prefeito eleito foi o empresário e economista Roque Sevilla que governou a cidade entre 1998 até 2000. Durante a sua administração se fizeram várias negociações com mais de 7 mil camelôs no centro histórico e se construíram 9 centros comerciais para re-localizar esses comerciantes.[36]

Enquanto isso acontecia na capital, o presidente conseguiu assinar um acordo definitivo de paz com o Peru em 1998, ratificando os limites estabelecidos em 1942 no Rio de Janeiro. Mesmo que foi um evento positivo para as duas nações, a crise econômica se agravou. O governo tomou medidas de ajuste, deixou que os confrontos internos se acrescentarem, enquanto sacrificou à maioria da população nacional em benefício dos banqueiros que apoiaram a sua campanha. Em março de 1999 decretou um feriado bancário e o congelamento das poupanças de milhares de pessoas. Entregou sem benefício para o Equador, renunciando à soberania nacional, a base de Manta às Forças Armadas norte-americanas. No meio de um descontrole econômico, uma alta inflação e as pressões internacionais, decretou a dolarização da economia nacional, sem estudos técnicos nem preparação.[16]

O país inteiro reagiu e o Presidente tentou virar ditador, mas não obteve o apoio do exército. Com o apoio de uma grande mobilização indígena e oficiais médios, Mahuad foi derrubado em 21 de janeiro de 2000. Se formou um triunvirato que durou apenas umas horas. O vice-presidente Gustavo Noboa assumiu o governo interino e continuou com as políticas ditadas pelo FMI. Mahuad foi como prófugo para os Estados Unidos.

Em 2002 foi eleito como presidente o coronel Lucio Gutiérrez, um dos líderes do golpe de estado de 2000. Tinha o apoio de seu próprio partido chamado Sociedade Patriótica (PSP), o partido indígena Pachacutik e o partido de ultra esquerda Movimento Popular Democrático (MPD).

Desde o início da sua gestão, o governo se identificou com as políticas norte-americanas de Bush e apoiou o "Plano Colômbia". Fiz aliança com o Partido Social-cristão (PSC). Essas medidas originaram o rompimento com MPD e Pachacutik. No meio daquela conjuntura política e econômica promovida pelo aumento das rendas públicas Gutiérrez provocou a divisão popular e indígena.

Em 2000, o General Paco Moncayo foi eleito prefeito da cidade como representante do Partido Esqueda Democrática. Conseguiu a reeleição até 2009.

Durante a sua administração, algumas obras importantes foram:

 Paco Moncayo, prefeito de Quito entre 2000 a 2009.Inauguração Parque Itchimbía e do Palácio de Cristal em 2004; Inauguração do teleférico de Quito em 2005; Inauguração do Parque e Museu da Água "Yaku" em 2005; Estudos e inícios da construção do novo aeroporto em Tababela em 2006; Inauguração do Museu Interativo de Ciência em 2007.

No final de 2004, Gutiérrez buscou aliança com os partidos PRE do prófugo Abdalá Bucaram e PRIAN do bananeiro Álvaro Noboa para enfrentar-se com o Partido Social-cristão e com León Febres Cordero que tinha o predomínio no Congresso e na Corte Suprema de Justiça. Desde janeiro de 2005 começaram os protestos cidadãos, mas em abril os desconforto generalizado se agravou. Em 13 de abril a Rádio La Luna abriu os seus microfones para uma das suas conhecidas "tribunas cidadãs".[37] Essa rádio tinha-se convertido no canal de informação dos cidadãos nas crises políticas de Abdalá Bucaram e Jamil Mahuad. Mas de 5 mil pessoas foram auto-convocadas para um protesto pacífico na Avenida de Los Shyris, localizada ao norte da cidade enquanto na Praça da República se convocou à Assembleia de Quito liderada pelo prefeito Paco Moncayo e Ramiro González. 14 de abril um grupo de cidadãos independentes foram até casa do presidente para exigir a sua demissão, mas numa entrevista para a CNN, Gutiérrez minimizou as manifestações chamando às pessoas de "foragidos". Desde então, milhares de cidadãos começaram sair para as ruas identificando-se como "foragidos" como um ato de rebeldia contra o governo. Na sexta-feira 15, o coronel decretou Estado de Emergência e dissolveu a Corte Suprema de Justiça. A sua decisão de apoiar a inconstitucional restruturação do poder judiciário que permitiu a volta do Abdalá Bucaram despertou a ira de Quito.[38] Apesar do estado de emergência, o exército não saiu às ruas para controlar os protestos. No dia seguinte, Gutiérrez teve que derrogar o decreto. No sábado 16, os manifestantes tentaram chegar ao Palácio de Governo, mas a repressão aumentou.[37] Em 19 de abril a praça da Independência continuou militarizada. Naquela noite continuaram os protestos nos quais morreu o fotógrafo chileno Julio García por efeito dos gases.[38] Entre 14 e 21 de Abril se desenvolveu “a rebelião dos foragidos”.[39] Finalmente, o presidente foi demitido sem o apoio das Forças Armadas e teve que pedir asilo na embaixada do Brasil. O Gutiérrez caiu após uma cruenta luta cidadã.

O vice-presidente Alfredo Palacio assumiu o cargo de presidente até as eleições de 2007.

 Presidente Rafael Correa junto aos presidentes da Bolívia Evo Morales, Néstor Kirchner da Argentina e Hugo Chávez da Venezuela.A "Revolução Cidadã" (2007-atualidade)

Nas eleições presidenciais de 2007 apareceu um novo candidato com seu próprio movimento político chamado "Aliança País" (AP). O economista Rafael Correa Delgado, originário de Guayaquil prometeu combater o neoliberalismo e fazer reformas radicais.[16] Seu projeto político é chamado de "Revolução Cidadã". A "revolução" se instalou no Equador em 15 de janeiro de 2007, com o objetivo de conseguir a refundação do Estado equatoriano e consolidar o projeto social que busca construir o socialismo do bom viver.[40] O seu processo propugnava a soberania política do Equador, a integração regional e a ajuda econômica aos menos favorecidos.[41]

O novo governo conseguiu uma ampla maioria na eleição de uma Assembleia Nacional Constituinte que se reuniu na cidade de Montecristi e fez uma nova Constituição, aprovada com 64% dos votos num referendum nacional.[42]

Em 2009, o Equador de Rafael Correa renegociou a dívida do Estado detida por investidores estrangeiros[41] e pediu aos Estados Unidos tirar ao exército norte-americano da base de Manta.

 Comemoração em honra dos mortos e feridos do 30 de setembro na Avenida de Los Shyris.

Em 30 de setembro de 2010 ocorreu uma uma revolta de policiais, hostis à aprovação de uma lei que equipara as forças da ordem aos demais funcionários públicos, reduzindo os seus benefícios econômicos e de carreira.[41] A situação piorou quando o Presidente tentou acalmar os ânimos dos sublevados indo para o quartel onde se encontravam amotinados. Na saída, bombas de gás lacrimogêneo foram arremessadas ao Presidente, que foi levado ao hospital da polícia. A seguir a polícia atacou a multidão que se reuniu em frente ao hospital para demonstrar seu apoio ao presidente eleito democraticamente e culminou com um tiroteio entre a polícia e os soldados que vieram para resgatar o Chefe de Estado.[43] Os militares não apoiaram a sublevação. Segundo o oficialismo foi uma tentativa de golpe de Estado que deixou 10 mortos e uns 300 feridos entre militares, policiais e civis.[44]

O médico e sociólogo Augusto Barrera Guarderas foi eleito prefeito de Quito como representante do partido oficialista. A sua campanha tratou sobre os problemas da cidade na transportação pública, segurança e espaços culturais comunitários.

Algumas das obras mais representativas dessa administração são:

 Prefeito Augusto Barrera junto com os atuais reis da Espanha numa visita oficial na Igreja da Companhia.Inauguração do novo Aeroporto Internacional Mariscal Sucre em Tababela, em 20 de fevereiro de 2013. Início e avanço da primeira e segunda fase da construção da rodovia Rota Viva em 2013. Conexão da Rota Viva que permite a ligação entre os vales de Los Chillos e Tumbaco. Projeto de soterramento dos cabos na cidade. Estudos e início da construção da fase 1 do metrô de Quito. Criação do Programa para idosos "60 y piquito".[45] Regularização de bairros ao sul e norte da cidade.[46] Criação do Boulevard na Avenida Naciones Unidas.[47] Criação de 43 Centros de Desenvolvimento Comunitário (CDC) em todas as paróquias urbanas e rurais de Quito. Estes centros funcionam como espaços para oficinas de arte, literatura, teatro ou música.[48] O Papa Francisco cumprimentando o chanceler Ricardo Patiño, junto ao presidente Rafael Correa e o prefeito Mauricio Rodas

Nas eleições de 2014, o jovem advogado Mauricio Rodas foi eleito prefeito. Em 2012 tinha participado no Fórum Econômico Mundial[49] e nesse ano fundou seu partido político Sociedade Unida mais Ação (SUMA), com apoio de setores de direita. Apresentou a sua candidatura nas eleições presidenciais de 2013, obtendo 3% dos votos.[50] Devido ao descontento de vários setores da cidade com Augusto Barrera, o movimento VIVE de Antonio Ricaurte e o partido CREO do banqueiro guayaquilenho Guillermo Lasso decidiram apoiar a sua candidatura para a prefeitura da cidade que finalmente ganhou.

Dois projetos de lei, um relacionado com a taxação às heranças e outro com a mais-valia para os imóveis foi apresentado pelo Presidente à Assembleia Nacional em junho de 2015.[51] Alguns setores políticos, indígenas e sindicatos apresentaram seu descontentamento e em junho organizaram uma greve que desencadeou em protestos. Um importante grupo da população deslegitimou a mobilização no Equador, incluindo as mesmas bases desses movimentos indígenas, que questionaram os líderes das manifestações, já que junto aos dirigentes indígenas marcharam donos de bancos e políticos tradicionais de direita.[52] No entanto, também tem se manifestado várias organizações de trabalhadores e cidadãos de classe média e alta que não gostam das políticas do governo.

No meio desse clima político e social, entre 5 e 8 de julho de 2015, o Papa Francisco visitou o Equador pela primeira vez.

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