Panteão (em latim: Pantheon) é um edifício em Roma, Itália, encomendado por Marco Vipsânio Agripa durante o reinado do imperador Augusto (r. 27 a.C.–14 d.C.) e reconstruído por Adriano (r. 117–138) por volta de 126.

Sua planta é circular com um pórtico de grandes colunas coríntias de granito (oito na primeira fila e dois grupos de quatro na segunda) suportando um frontão. Um vestíbulo retangular liga o pórtico à rotunda, que está coberta por uma enorme cúpula de caixotões de concreto encimada por uma abertura central (óculo) descoberta. Quase dois mil anos depois de ter sido construído, esta cúpula é ainda hoje a maior cúpula de concreto não armado do mundo. A altura até o óculo e o diâmetro da circunferência interior são idênticos, 43.3 metros.

É uma das mais bem preservadas estruturas romanas antigas e permaneceu em uso por toda a sua história. Localizado na Piazza dell...Ler mais

Panteão (em latim: Pantheon) é um edifício em Roma, Itália, encomendado por Marco Vipsânio Agripa durante o reinado do imperador Augusto (r. 27 a.C.–14 d.C.) e reconstruído por Adriano (r. 117–138) por volta de 126.

Sua planta é circular com um pórtico de grandes colunas coríntias de granito (oito na primeira fila e dois grupos de quatro na segunda) suportando um frontão. Um vestíbulo retangular liga o pórtico à rotunda, que está coberta por uma enorme cúpula de caixotões de concreto encimada por uma abertura central (óculo) descoberta. Quase dois mil anos depois de ter sido construído, esta cúpula é ainda hoje a maior cúpula de concreto não armado do mundo. A altura até o óculo e o diâmetro da circunferência interior são idênticos, 43.3 metros.

É uma das mais bem preservadas estruturas romanas antigas e permaneceu em uso por toda a sua história. Localizado na Piazza della Rotonda, o Panteão tem sido utilizado como uma igreja, dedicada à "Santa Maria e os Mártires" chamada oficialmente de Santa Maria dei Martiri (em latim: Sancta Maria ad Martyres) e informalmente de Santa Maria Rotonda desde o século VII. É uma basílica menor da Igreja Católica e foi uma diaconia até 1929.

Antiga  Planta do Panteão. Em vermelho, o Panteão de Agripa e em preto, o Panteão de Adriano. Neste diagrama fica evidente a mudança na orientação do edifício com a mudança de posição do pórtico de entrada.

Depois da Batalha de Áccio (31 a.C.), Marco Vipsânio Agripa deu início a um impressionante programa de obras: o Panteão era parte de um complexo criado por ele em suas próprias terras no Campo de Marte entre 29 e 19 a.C., que incluía ainda três edifícios alinhados do sul para o norte, os Banhos de Agripa, a Basílica de Netuno e o Panteão.[1] É provável que os dois últimos fossem os edifícios religiosos de uso exclusivo de Agripa (sacra privata) e não templos públicos (aedes publicae).[2] Esta designação menos solene ajuda a explicar o motivo pelo qual o edifício perdeu tão facilmente seu nome e objetivo originais (Ziolkowski refuta essa ideia e defende que ele era originalmente o Templo de Marte no Campo)[3] em tão pouco tempo.[4]

Por muito tempo se acreditou que o edifício atual tenha sido construído por Agripa e que teria apenas sofrido algumas alterações posteriores, uma crença decorrente, pelo menos em parte, da inscrição no frontão,[5] "M·AGRIPPA·L·F·COS·TERTIVM·FECIT" ou M[arcus] Agrippa L[ucii] F[ilius] co[n]s[ul] tertium fecit ("Marcos Agripa, filho de Lúcio, fez [este edifício] quando cônsul pela terceira vez").[6] Porém, escavações arqueológicas revelaram que o Panteão de Agripa foi completamente demolido, com exceção da fachada. Lise Hetland defende que a construção moderna começou em 114, no reinado de Trajano, quatro anos depois de ter sido destruído num incêndio pela segunda vez (Oros. 7.12). Ela reexaminou o trabalho de Herbert Bloch (1959), que propôs a data adriânica geralmente defendida, e afirma que ele não deveria ter excluído todos os tijolos trajânicos de seu estudo dos selos de olaria. Este argumento é reforçado pelo argumento de Heilmeyer, baseado em evidências estilísticas, de que Apolodoro de Damasco, o arquiteto de Trajano, teria obviamente sido o arquiteto do Panteão.[7]

A forma do Panteão de Agripa ainda é discutida. Como resultado das escavações do final do século XIX, o arqueólogo Rodolfo Lanciani concluiu que ele estava de frente para o sul, ao contrário do edifício atual, que está de frente para o norte, e que ele tinha uma planta em forma de um "T" encurtado, com a entrada na base do "T". Esta descrição foi amplamente aceita até o final do século XX. Apesar de as mais recentes escavações arqueológicas sugerirem que o edifício de Agripa possa ter sido circular com um pórtico triangular e com a fachada voltada para o norte, muito parecido com as reconstruções posteriores, Ziolkowski reclama que estas conclusões são conjecturais. As escavações não encontraram nenhum material datável e, ainda assim, atribuíram todos os achados à fase de Agripa sem levar em conta que Domiciano, conhecido por seu entusiasmo em construir e que certamente restaurou o Panteão depois de 80 pode muito bem ter sido o responsável por tudo o que foi encontrado. Segundo ele, a opinião original de Lanciani ainda é sustentada por todos os achados até o momento, inclusive o destas escavações. Além disso, ele se mostra cético por que o edifício descrito recentemente, "um único edifício composto por um enorme pronau e uma cela circular de mesmo diâmetro unidas por uma relativamente estreita e muito curta passagem (muito mais estreita que o atual bloco intermediário) não tem nenhum paralelo conhecido na arquitetura clássica e iria contra tudo o que conhecemos sobre os princípios do design romano em geral e da arquitetura augustana em particular".[8]

 Diagrama da igreja no início do século XX.

As únicas passagens que fazem referência à decoração do Panteão de Agripa escritas por uma testemunha ocular estão na História Natural de Plínio. Através dela, sabemos que "os capiteis, também, dos pilares, que foram colocados por M. Agrippa no Panteão, são feitos de bronze siracusano",[9] que "o Panteão de Agripa foi decorado por Diógenes de Atenas e as cariátides, dele, que formam as colunas do templo, são consideradas obras-primas da excelência: o mesmo, também, para as estátuas colocadas no teto"[10] e que uma das pérolas de Cleópatra foi partida ao meio para que cada metade "pudesse servir como pingentes nas orelhas da Vênus no Panteão de Roma".[11] O Panteão de Agripa foi destruído juntamente com muitos outros edifícios num gigantesco incêndio em 80 Domiciano reconstruiu o edifício, que queimou de novo em 110.[12]

Terminado por Adriano, mas não reivindicado como uma de suas obras, o novo edifício reutilizou o texto da inscrição original na nova fachada (uma prática comum nos projetos de reconstrução de Adriano em toda Roma; o único edifício no qual ele pôs seu próprio nome foi o Templo do Divino Trajano).[13] Não se sabe para quê o edifício era utilizado. A História Augusta relata que Adriano dedicou o Panteão (entre outros edifícios) em nome do patrono original (Hadr. 19.10), mas a atual inscrição não pode ser uma cópia da original, pois ela não informa a quem o templo de Agripa era dedicado e, na opinião de Ziolkowski, seria extremamente improvável, em 25 a.C., Agripa ter se apresentado como consul tertium. Em moedas, as mesmas palavras, "M. Agrippa L.f cos. tertium", foram utilizadas para fazer referência a ele depois de morto; consul tertium servindo como "uma espécie de 'cognomen ex virtude', uma lembrança do fato de que, de todos os homens de sua geração, com exceção do próprio Augusto, foi o único a ser cônsul por três vezes".[14] Seja qual tenha sido a causa da alteração da inscrição, a nova inscrição reflete o fato de que houve uma mudança no objetivo do edifício.[15]

Dião Cássio, escrevendo aproximadamente 75 anos depois da reconstrução do Panteão, atribuiu erroneamente o edifício a Agripa e não a Adriano, apesar de ser o único autor quase-contemporâneo a citar o Panteão. Já em 300 havia incerteza sobre a origem do edifício e seu objetivo:

“ Agripa completou a construção do edifício chamado de Panteão. Ele traz seu nome, talvez por que ele tenha recebido entre as imagens que o decoravam as estátuas de muitos deuses, incluindo Marte e Vênus; mas minha opinião sobre o nome é que, por causa de seu teto abobadado, ele lembra os céus. ”  
— Dião Cássio, História Romana 53.27.2.

Em 202, o edifício foi restaurado pelos imperadores conjuntos Sétimo Severo e Caracala, seu filho, motivo pelo qual há mais uma inscrição, menor, na arquitrave da fachada, pouco abaixo da anterior.[16][17] Quase ilegível atualmente, diz[18]:

IMP·CAES·L·SEPTIMIVS·SEVERVS·PIVS·PERTINAX·ARABICVS·ADIABENICVS·PARTHICVS·MAXIMVS·PONTIF·MAX·TRIB·POTEST·X·IMP·XI·COS·III·P·P·PROCOS  ET ("Imp[erador] Caes[ar] L[ucius] Septimius Severus Pius Pertinax, vitorioso na Arabia, vencedor de Adiabene, grande vitorioso da Pártia, Pontif[ex] Max[imus], dez vezes tribuno, onze vezes imperador, três vezes cônsul, P[ater] P[atriae], procônsul) IMP·CAES·M·AVRELIVS·ANTONINVS·PIVS·FELIX·AVG·TRIB·POTEST·V·COS·PROCOS·PANTHEVM·VETVSTATE·CORRVPTVM·CVM·OMNI·CVLTV·RESTITVERVNT ("Imp[erador] Caes[ar] M[arcus] Aurelius Antoninus Pius Felix Aug[ustus], cinco vezes tribuno, cônsul, procônsul, restauraram cuidadosamente o Panteão, arruinado pela idade")Medieval  Panteão e a Fontana del Pantheon

Em 609, o imperador bizantino Focas (r. 602–610) deu o edifício ao papa Bonifácio IV (r. 608–615), que a converteu em uma igreja cristã e consagrou-a a "Santa Maria e os Mártires" em 13 de maio de 609.[19] Vinte e oito carregamentos de relíquias de mártires foram removidos das catacumbas de Roma e colocados num recipiente de pórfiro abaixo do altar-mor.[20]

A consagração do edifício como igreja salvou-o do abandono, destruição e do pior da espoliação que acometeram a maioria dos edifícios da Roma Antiga durante os primeiros séculos da Idade Média. Paulo, o Diácono relata a espoliação do edifício pelo imperador Constante II, que visitou Roma em julho de 663:

“ Permanecendo em Roma por doze dias, ele removeu tudo que, em tempos antigos, havia sido feito de metal para ornamentar a cidade, a ponto de remover o teto da igreja [de Santa Maria], que no passado era chamada de Panteão, e que fora fundada para homenagear todos os deuses e que agora, com permissão de antigos governantes, era o local de todos os mártires; e ele removeu as telhas de bronze e as enviou com todos os demais ornamentos para Constantinopla. ”

Muito do fino mármore externo foi removido ao longo dos séculos e, por exemplo, os capiteis de algumas pilastras estão no Museu Britânico.[21] Duas colunas foram engolidas por edifícios medievais que se apoiaram no Panteão pelo leste e se perderam.

Renascimento  Interior do Panteão no século XVIII por Giovanni Paolo Pannini

Desde o Renascimento, o Panteão tem sido utilizado como túmulo e entre os sepultados ali estão os pintores Rafael e Annibale Carracci, o compositor Arcangelo Corelli e o arquiteto Baldassare Peruzzi. No século XV, muitas pinturas foram levadas para lá e a mais conhecida é uma "Anunciação" de Melozzo da Forlì. No início do século XVII, Urbano VIII Barberini (r. 1623–1644) ordenou que o teto de bronze do pórtico do Panteão fosse derretido. A maior parte do bronze foi utilizado para fazer bombardas para defender o Castelo de Santo Ângelo e o resto, utilizado pela Câmara Apostólica para diversos fins. Diz-se também que o bronze foi utilizado por Bernini para criar seu famoso baldaquino sobre o altar-mor da Basílica de São Pedro, mas, de acordo com pelo menos um perito, o relato papal afirma que cerca de 90% do bronze foi de fato utilizado para fazer canhões e que o bronze para o baldaquino veio de Veneza.[22] Esta espoliação resultou na famosa frase do satírico Pasquino: Quod non fecerunt barbari fecerunt Barberini ("O que os bárbaros não fizeram fez o Barberini").

Além disso, Urbano VIII substituiu o campanário medieval pelas famosas torres gêmeas (frequentemente atribuídas erroneamente a Bernini[23]), chamadas de "as orelhas do jumento"[24] e que só seriam removidas no final do século XIX.[25] Além destas, a única outra perda foram as esculturas exteriores que adornavam o frontão sobre a inscrição de Agripa. O interior em mármore sobreviveu em grande parte, mas somente através de sucessivas restaurações. Em 1747, o largo friso abaixo da cúpula, com suas janelas falsas, foi "restaurado", mas o resultado ficou muito diferente do original. Nas primeiras décadas do século XX, um pedaço do original, o melhor que se pôde reconstruir a partir de desenhos e pinturas medievais, foi recriado em um dos painéis.

Contemporânea

Dois reis da Itália estão sepultados no Panteão: Vítor Emanuel II e Humberto I (e sua esposa, Margarida de Saboia). Embora a Itália seja uma república desde 1946, membros voluntários de organizações monarquistas mantém uma vigília permanente sobre os túmulos reais no Panteão, o que provoca protestos de republicanos de tempos em tempos. O Panteão continua sendo utilizado como igreja católica e missas são celebradas no local aos domingos e dias santos, assim como casamentos.

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